Durante alguns meses o processo foi sempre o mesmo, sem que nada de novo acontecesse nos trabalhos espirituais.
Eu ia toda segunda-feira aos trabalhos e a sequência dos acontecimentos não mudava, o que me deixava confortável e tranquila.
Ao chegar cumprimentava a todos, afinal já conhecia a maioria dos frequentadores, me acomodava, vinham os toques e cantos, e depois de algum tempo o choro acontecia.
A Florisa confiava em mim, só não entendia o que ocorria. E como nem eu mesma entendia, a resposta era sempre a mesma: – devo ter algum sentimento reprimido e aproveito o ambiente para liberar. O que fez com que em determinado momento ela parasse de perguntar.
Percebi que algumas pessoas novas começaram a frequentar como assistência, e a Florisa disse brincando: – Acho que as pessoas estão trazendo outras só para assistir seu choro.
Ela realmente estava brincando, mas eu sabia que tinha um fundo de verdade.
Apesar de eu não conversar muito, já havia conseguido demonstrar de alguma maneira a minha descrença.
Certa vez, pedi para conversar com a dirigente e ela prontamente marcou a última consulta da noite.
Perguntei se ela poderia explicar o que acontecia comigo e porque só acontecia ali, além de outros questionamentos onde obtive sempre a mesma resposta, que ela não podia responder e que na hora certa eu saberia, e me deu um conselho, para eu não resistir e também não tentar entender.
Para mim era muito importante descobrir qual o distúrbio que me dominava daquela maneira, portanto sabia que continuaria frequentando aquele lugar…