Alguma coisa séria havia acontecido espiritualmente no centro, porque a partir daquela noite, houveram muitos acontecimentos fora do normal.
Vi a dirigente incorporada numa personalidade, a qual exigiu que a Florisa fizesse uma capa preta bordada em vermelho para ela.
Vi essa mesma personalidade, iniciar trabalhos chamados de esquerda e fechar as portas, não deixando ninguém sair até o amanhecer o dia.
Vi a própria Baiana queimar pólvora em nome de pessoas muito próximas a ela, pessoas essas as quais eu tinha certeza, não queriam seu mal.
Cheguei a assistir alguns absurdos, para os quais não consegui me calar.
Uma senhora doente, foi levada para um cemitério, e enterrada até a cintura em uma cova, sendo deixada naquela situação por mais de 20 minutos.
E cada vez mais, as coisas foram perdendo o rumo e o controle.
Já estavam até sacrificando animais, e foi a partir dai que eu não dei mais conta, dizendo que não poderia compactuar com aquilo.
Enfim, essas atitudes estavam demais para mim, até que o plano espiritual decidiu o rumo das coisas.
Era noite de trabalho dos Caboclos, e o Sr. Pena Verde totalmente estranho para quem o conhecia, pegou um charuto aceso, puxou a brasa até ficar bem vermelha e colocou na palma da mão de uma das filhas da casa, dizendo que ela devia provar que estava incorporada.
Dei um pulo em direção ao Caboclo incorporado, e com toda minha força soltei a mão da jovem, que com a mão queimada chorava convulsivamente.
Passei uma descompostura no Caboclo, pois se alguém tinha que saber se ela estava incorporada ou não tinha que ser ele, já que ela não tinha experiência para isso.
Enfim, depois de me atracar literalmente com o Caboclo incorporado, a dirigente caiu desmaiada no chão.
Tentaram de tudo e não conseguiam fazer com que ela recobrasse os sentidos.
A Jerusa então incorporou, sentou-se ao lado dela, e com todo carinho pegou sua cabeça e pois no colo. Falou com tanta doçura ao seu ouvido, que fez com que ela voltasse do transe chorando.
Aquela foi a última noite de trabalho daquele centro de Umbanda, depois disso, as portas se fecharam para sempre.
Aprendi que quando uma pessoa por algum motivo baixa sua frequência de vibração, as entidades externas se afastam e outras de vibração mais baixa ocupam seu lugar, e muitas vezes, nem mesmo os próprios médiuns percebem o que está acontecendo. O que é um perigo, pois sendo enganada, ela se torna voluntária para um trabalho equivocado.
Somando todas as experiências que tive nesse centro, com as experiências que tive em todos os outros tanto de Umbanda como de Candomblé em que frequentei como convidada, mais o conhecimento inesgotável da Jerusa, poderia dizer que se tem algo certo ou errado desconhecido pra mim, é quase nada.
O que estava fazendo havia acabado, e um novo ciclo iria surgir certamente…