Em uma determinada noite de trabalho, a Juliana que estava secretariando e encaminhando as consultas, me apresentou um rapaz que estava marcado .
Foi o Betão que o trouxera, e consequentemente quem iria se responsabilizar por ele.
Essa era uma regra da Jerusa. Para participar do trabalho, a pessoa tinha que ser indicada por alguém de casa, e esse alguém iria se responsabilizar pelo indicado.
O rapaz estava muito nervoso, seu pai havia falecido e desde então tinha sonhos angustiantes com a figura do pai em sofrimento.
Além disso, relatou que objetos se movimentavam dentro da casa, e que ele não acreditava em fatos desta natureza, até então.
A Jerusa, a única que atendia na época, conversou com o rapaz e marcou para ele voltar na quarta-feira, ela iria fazer um trabalho para saber o que estava ocorrendo.
Fiquei um pouco preocupada com isso, porque havia combinado que nosso trabalho espiritual seria as segundas, e ela estava marcando outro dia da mesma semana.
Quando a consulta terminou, ela chamou a Juliana e explicou que o que precisava ser feito no caso daquele rapaz, não poderia ser no dia de consulta e no meio dos outros consulentes, que a essa altura já vinham em um número significativo para nosso espaço físico.
Para ter um pouco de privacidade nas consultas, dividi um cantinho com o armário onde ficavam as velas de reserva e coloquei duas almofadas sobre uma esteira de taboa. Era ali que a Jerusa fazia os atendimentos.
Nessa época, a Jerusa atendia em média 20 a 25 pessoas a cada segunda feira.
O atendimento ia por volta de 3 horas da manhã, e por vezes a Juliana tão pequenina, não aguentava o sono e adormecia sobre a saia rodada da Jerusa, mas não abandonava o posto de secretária.
Era visível o orgulho que ela sentia de ser a secretária, e de seu caderno preenchido com letra ainda infantil, pelas listas de consulentes organizadas por ordem de chegada.
Os filhos da casa vestiam branco, chegavam antes, pisavam nas esteiras descalços, cantavam os pontos da abertura, se consultavam, pediam bênção a Jerusa quando ela incorporava, e antes de ir embora ela dava passe neles.
O trabalho era realizado com muito amor.
Iríamos conhecer um trabalho diferente na quarta feira seguinte…