Depois da festa para Oxúm que fizemos na chacará, ficamos com vontade de também homenagear a senhora das águas do mar, Yemanjá. Pensamos que poderíamos realizar um trabalho na praia, e como sempre fizemos uma reunião para combinar como seria a organização prática, já que o trabalho espiritual ficaria por conta da orientação da Jerusa.
A princípio, a praia escolhida foi Itanhaém, isso porque tínhamos uma consulente que tinha uma casa lá e nos ofereceu para ficarmos até o dia seguinte.
Consultamos a prefeitura de lá, e nos certificamos de que não haveria nenhum impedimento.
A princípio, a praia escolhida foi Itanhaém, isso porque tínhamos uma consulente que tinha uma casa lá e nos ofereceu para ficarmos até o dia seguinte.
Consultamos a prefeitura de lá, e nos certificamos de que não haveria nenhum impedimento.
O Marcos se comprometeu a ensinar para algumas pessoas do grupo, o toque da abertura. Foi a maneira encontrada para que o som do atabaque pudesse ser ouvido na praia, caso contrário, o som se perderia, dizia ele.
Depois de conseguirmos alguns atabaques emprestados, e pessoas com muito empenho e disposição, descobri que está era a receita para um bom toque.
Quando ouvi o toque da abertura com mais de um atabaque, chorei pela minha emoção unida a emoção da Jerusa.
Ela determinou que deveríamos cercar o espaço onde iríamos realizar o trabalho, que o altar deveria ser feito em areia e enfeitado com conchas do mar, e ter a imagem de Cristo e de Yemanjá.
Explicou também, que deveríamos ter no nosso espaço de trabalho semanal um barquinho de madeira leve, e dentro dele deveríamos colocar nossos pedidos e oferendas para a rainha das águas do mar.
Além disso, faríamos bandeiras minúsculas com nosso nome, as quais deveriam ser amarradas em volta do barco do lado de fora, como uma corrente do nosso amor envolvendo todos os pedidos e agradecimentos.
Durante um mês trabalhamos na produção de acordo com o que achávamos necessário.
O barco foi feito em madeira pelos meninos do grupo, ficou lindo, todo azul e branco. Ele foi colocado ao lado do nosso altar e explicado aos consulentes, que se desejassem poderiam também participar, tanto com os pedidos no barco, como ir até a praia no dia do trabalho e assistir.
Tudo estava preparado, garrafas de plástico para envolver as velas, corda de sisal para cercar o espaço, madeiras muito bem cortadas pelo Betão para segurar a corda, enxada, enxadão, etc…
Cada carro levaria um pouco do nosso material, que já havia sido devidamente conferido.
Marcamos o horário de saída sexta-feira às 18:00h para que pudéssemos ir juntos, já que não existia GPS naquele tempo, e só a dona da casa saberia chegar ao endereço.
Quando a Aline estacionou o carro dela para ser carregado com os atabaques e o que mais coubesse, me contou que o marido dela, o Toninho, ia pescar com amigos em alto mar.
Isso lhe tranquilizou muito, pois ele não ficaria sozinho durante todo o final de semana, disse também que havia feito um pedido em nome dele e colocado no barco.
Enfim a Jerusa abençoou a todos, fez uma oração para o senhor das estradas Ogúm, e saímos em direção ao mar.
Enfim a Jerusa abençoou a todos, fez uma oração para o senhor das estradas Ogúm, e saímos em direção ao mar.
Quando chegamos na casa da consulente tivemos uma surpresa não muito boa.
A casa ficava perto do morro e no meio de um mato tão alto, que quase que não conseguimos chegar até lá, além disso, estava extremamente suja e cheia de bichos rasteiros, como lagartixa e aranha.
Foi então que descobrimos que estava abandonada a muito tempo por briga da família.
Já estava escuro e de fato não dava para ficar ali.
Sugeri que voltássemos até Mongaguá, pois o Amauri estava na casa da Dona Odila e poderia nos ajudar a ver um camping ou alguma outra solução.
Voltamos em comboio pela estrada, enquanto isso eu pensava como fui inocente, levando aquelas pessoas para um lugar que eu não tinha visto antes.
Assim, prometi a mim mesma, nunca mais propor algo sem que eu tivesse segura de que tudo estaria bem…