Fizemos uma festa para inaugurar o novo espaço.
Estávamos muito felizes e orgulhosos, o ambiente todo tinha o cheiro característico da palha dando a sensação de acolhimento e conforto.
Quando as pessoas manifestavam o desejo de fazer parte do nosso grupo interno de trabalho, passavam pela aprovação da Jerusa, depois por um tempo de experiência e por fim recebiam autorização para ocupar um lugar na parte de dentro da corda de separação.
Nesse espaço tínhamos banquinhos para os pretos velhos e cadeirinhas para as pretas velhas para a incorporação.
A Vó Joaninha que se manifestava em mim, tinha um tronco de madeira com babados, era um presente que a mamãe havia dado logo que a conheceu e descobriu que ela era sua madrinha quando viva.
As pessoas de casa (nessa ocasião já éramos trinta), sabiam os cantos de abertura e era um orgulho vê-los respeitosos, vestidos de maneira limpa e digna, cantando com força e amor.
As cadeiras dos consulentes em número de quarenta, eram suficientes para ninguém ficar em pé, sendo que em vários trabalhos algumas ainda ficavam desocupadas.
O Glison estava contando como espantava os eguns da casa dele, quando sentiu uma dor forte e foi levado a um pronto socorro pelo Joãozinho.
Depois deste mal estar, ele foi piorando e em muito pouco tempo veio a falecer, causando outro momento de dor.
No caso dele, pudemos acompanhar o enterro na Vila Zelina e realizar nosso ritual de encaminhamento.
Nós não sabíamos, mas ele também era soro positivo, escondeu de nós e viveu com esse segredo sem compartilhar…