Depois de várias reuniões e muitas peças piloto, consegui o contrato com a Credicard.
Era muito trabalho, sempre o mesmo modelo, mas em diversos tamanhos e em uma quantidade enorme.
Acredito que iríamos abastecer o Brasil inteiro. Assim, meu pequeno ateliê virou uma confecção.
Contratei várias costureiras que trabalham em suas casas.
A Florisa passou a coordenar o trabalho dessas costureiras, enquanto que eu cortava todas as peças, para que elas não ficassem sem produção.
Eu virava as noites cortando os tailleurs azul marinho e as camisas brancas.
Todos em casa passaram de alguma maneira a contribuir com o trabalho, que repentinamente se tornara enorme.
Como não poderia deixar de ser, eu e a Florisa ficávamos na oficina sem horário para encerrar o expediente.
Era comum mais ou menos as três horas da manhã, ela colocar o xale sobre a cadeira na qual ela se sentava para trabalhar, e dizer que dali em diante o xale dela é que seria minha companhia, pois ela não aguentava mais, e que o xale me daria força.
E de fato era na companhia dela ou do xale, que eu conseguia força para continuar até o dia amanhecer, quando então a Dona Angela com todo seu amor, vinha me chamar para tomar Café.
Eu havia vencido a concorrência porque dera um preço mínimo, e por isso não tinha conseguido comprar ainda uma máquina para cortar tecido.
Eu cortava tudo na mão, o que deixava meus dedos feridos pela força que a tesoura exigia para fazer o corte de seis peças do mesmo tamanho de uma só vez, e contratar uma pessoa para para me ajudar no corte estava fora de questão, pois pelo preço que negociei, não podia correr o risco de um corte sair errado.
Em suma, para o corte só poderia ser eu.
O trabalho era tanto, que as crianças até aprenderam pregar botão, e assumiram esse trabalho junto com a mamãe.