Estávamos em um dos nossos momentos em volta da fogueira, quando alguém iniciou uma conversa sobre minhocas e a produção de húmus.
A conversa se estendeu, e quando me perguntaram se eu deixaria que montassem um minhocário no sitio para produção de húmus eu nem pensei, imediatamente disse que sim.
Naquela noite antes de irmos dormir, combinamos de nos inteirar mais sobre esse tipo de produção e que iriam se associar a Roberta, Jaqueline, Rosa, Li e Oswaldinho, e claro, todos muito entusiasmados.
Como precisavam ter mais facilidade de acesso para caminhões, escolheram o lugar onde hoje é o rancho.
Em alguns meses já haviam construído três galpões e instalado a água, que chegava através de mangueiras pretas vindas da nascente.
Todos os sócios fizeram curso para se aprofundar no assunto e passaram a se revezar no trabalho, que por sinal era bem pesado.
O Oswaldinho montou uma barraca e passou a morar no sítio, agora eu tinha companhia mesmo durante a semana.
Montaram uma cozinha de lona embaixo de uma árvore que era usada pelos sócios do minhocário, tanto para suas refeições como para reuniões sobre os negócios.
A Roberta vinha de São Paulo sempre que necessário, era normal ela chegar sozinha de madrugada passando pelas estradas de lama. Algumas vezes precisava deixar o carro no Sol Nascente e pular o portão por ter esquecido a chave.
Uma verdadeira guerreira, não tinha medo de nada.
Certa noite estávamos na cozinha do minhocário quando desabou um temporal e a enxurrada arrastou tudo o que estava dentro, inclusive o fogão.
Corremos para segurar o que fosse possível, mas pudemos mais uma vez conferir que com a natureza não dá para medir força, tudo que podíamos fazer naquele momento era apenas nos proteger.
Em função deste acontecimento, passamos a fazer grandes valetas em volta das barracas para que não fossem arrastadas, afinal, estávamos instalados nas montanhas e a água da chuva descia com muita força e em grande quantidade.
Eu ficava orgulhosa ao vê-los empenhados na função que era bastante trabalhosa. Tinham que revirar o esterco de vaca (que era trazido por caminhões) e ficavam dentro dos galpões, várias vezes ao dia com uma enxada.
O esforço físico, o cheiro forte da uréia e as moscas que sobrevoavam o espaço, acabou por vence-los. Foi quando decidiram depois de poucos meses, que o resultado final da produção não compensava o esforço. E assim, encerraram o minhocário.
E eu voltei a ficar sozinha durante a semana…