O Natal estava chegando, o primeiro Natal na nossa comunidade. Era um ano que merecia uma comemoração especial, e assim, graças a ideia de alguém do grupo, resolvemos fazer uma ceia no acampamento. O Daniel se ofereceu para ser o Papai Noel, sendo assim, arrumamos a roupa e também combinamos como seria. Ele viria pela mata tocando o sininho, mas não iria chegar muito perto, para não ser reconhecido e com isso quebrar o encantamento, a magia. O Pedro estava eufórico, havia pedido um cavalo de verdade ao Papai Noel, logo não via a hora dele chegar. Arrumamos uma mesa grande no meio do acampamento entre as barracas, cada um contribuiu com alguma coisa e a mesa ficou linda e farta. As pessoas iam chegando e se envolvendo na arrumação, cada detalhe continha cuidado e amor, tudo cada vez mais lindo e magico.
Já havia escurecido quando alguém me chamou para me apresentar a um rapaz alto e lindo. Ele estava com um casaco marrom, muito elegante, e quando olhei para aquele homem, no meio daquele lugar simples e despojado, refleti que ele não tinha ideia de onde havia chegado e quem éramos nós. Tenho certeza que em meu rosto havia um sorriso diante desse pensamento. Olhei com um pouco mais de atenção espiritual e o reconheci de muitas outras vidas, eu não disse nada, mas sabia que ele iria aos poucos se despir de muitas coisas e se reconhecer com a força verdadeira que morava em seu ser. O nome deste homem? Renato, o Zol.
Uma garoa muito fina surgiu e trouxe a névoa cobrindo parcialmente o acampamento, mudamos a mesa da ceia para dentro da barraca da Li e continuamos nossa festa. Estávamos comendo, cantando e até dançando quando ouvimos o sininho do Papai Noel, o Pedrinho ficou eufórico. De repente o Papai Noel surgiu pela mata atrás das barracas, puxando um pequeno cavalinho já arreiado e lindo. Eu chorei de emoção e percebi que muitos também choraram. O Papai Noel amarrou o cavalinho e voltou por onde veio, desaparecendo na mata. A imagem desta noite jamais saiu da minha memória. Foi uma das noites de Natal mais lindas e mágicas que tivemos, a mais simples também.
O cavalinho tinha o nome de Carinhoso, e trouxe alegria para o Pedrinho por muito tempo…