Em São Paulo morava um casal de nordestinos que eram meus conhecidos a muito tempo. Tínhamos um bom relacionamento até porque a Zeza era minha manicure.
Em uma das minhas idas a São Paulo, enquanto ela fazia minha unha conversamos sobre Piracaia e a nossa comunidade.
Ela demonstrou o desejo de conhecer nosso espaço, estava tendo alguns problemas e andava pensando em se mudar para o interior. Para resumir, dois meses depois ela mudou para a comunidade com seu marido Celemias.
No lugar onde hoje é a Casulo havia um pequeno depósito e foi ali que eles se acomodaram, preferiram ao invés de ter uma barraca.
E foi assim que passei a ter manicure semanal e utilizar a sombra das árvores como salão. Apesar do serviço pesado, minha unha estava sempre impecável.
Estávamos neste período abrindo o mato próximo a entrada da sede, eu, o Celemias e a Zeza. Eles com uma enxada cada e eu com uma foice.
Foi quando em uma puxada de enxada do Celemias vi uma cobra enorme enrolada pronta para dar o bote. Não pensei e num impulso empurrei-o, e enquanto ele caia para trás com um golpe de foice cortei a cobra ao meio.
Ele meio sem entender, levantou perguntando o que havia acontecido.
Mostrei a cobra enquanto dizia: – é uma jararacussu, muito perigosa. Ele respondeu: – perigosa é a senhora que matou ela.
E caímos na risada…