As primeiras noites na casa nova eu não conseguia dormir.
Saia no terraço durante a madrugada e ficava olhando o acampamento como se pudesse evitar qualquer desconforto para aqueles que moravam nas barracas.
No final de semana enquanto caminhava entre os pés de jabuticaba, lembrei de uma coleção de apitos com sons de pássaros que ganhara de presente. Imediatamente fui pra casa e peguei a caixa com os apitos e conforme ia descendo pela trilha de terra batida, ia apitando e chamando todos para o local das nossas reuniões entre as barracas.
Quando todos já haviam se acomodado em círculo, eu distribui os apitos, um para cada.
Expliquei que o apito deveria estar sempre com eles, e caso precisassem de ajuda deveriam apitar, assim, todos nós saberíamos e iríamos ao seu encontro.
A princípio ninguém entendeu muito bem, visto que ali não tinha muito perigo, mas de repente um falou em cobra, outro falou de um tombo repentino e por fim todos concordaram que seria útil, principalmente a noite.
Foram poucas as vezes que o som dos apitos foram ouvidos como pedido de ajuda, em compensação, por muitas vezes foram usados com a intenção de nós agruparmos para alguma atividade.
Desta maneira deixo aqui registrado a importância que meus apitos de madeira com som de pássaros tem para mim.
Eles ainda tem a mesma representação, o cuidado que sempre tivemos uns com os outros…