Estava atendendo regularmente uma adolescente que vinha fazendo uso de drogas. A mãe, depois de uma longa conversa comigo, entendeu que ela havia chegado a um estágio em que precisava de internação.
Essa mãe apesar de chocada, concordou em interna-la desde que o local da internação também cuidasse do espiritual. Procuramos muito, mas nenhum lugar foi aprovado por ela.
Na realidade o que ela queria mesmo, é que nós cuidássemos de sua filha, porque era em nós que ela confiava.
Pensei muito e depois de me aconselhar com o plano espiritual, decidi que traria ela para o sitio e cuidaríamos dela por três meses.
Procurei um psiquiatra na cidade de Atibaia e depois de explicar o caso, ele concordou em nós dar suporte se necessário fosse. O primeiro passo foi dado, mas eu ainda tinha outra questão para resolver, alojamento.
Não poderia deixá-la na minha casa porque ela precisava entender que era um cuidado profissional e não uma relação de amigos, e como era urgente a internação, não teríamos tempo de construir um local para ela.
Nesta época, haviam muito poucas casas na comunidade e todas ocupadas pelos seus proprietários. Descobri através de pesquisa que existia container para alugar com quarto e banheiro, não tive dúvida, em alguns dias recebemos o alojamento feito de container com acomodação ideal para quatro pessoas.
Nós o instalamos onde hoje é o estacionamento ao lado da casa de convivência, e ficaram encarregados dos cuidados da menina em sistema de revezamento o meu filho Arthur (Tuco), a esposa dele Viviane e o mestre cavaleiro Nei. Eles estavam presente as vinte e quatro horas do dia, com a supervisão feita por mim e pelo psiquiatra.
Em menos de um mês, surgiram mais quatro casos de adolescentes precisando do mesmo tipo de cuidado. Aproveitei o depósito minúsculo que já existia e ampliei, construindo assim a Casa de Convivência, e novamente como no filme Campo dos Sonhos acreditei na frase “construa que eles virão”, e eles vieram.
Em poucos meses tínhamos dez adolescentes em várias atividades, incluindo laborterapia, com o propósito de resgatar a valorização.
A pioneira dessa empreitada já havia saído da internação, voltava dois finais de semana por mês para reforçar o tratamento. Tivemos então várias idas e vindas de diversos hospedes por um período grande, e apenas um (de uma cidade distante) não se recuperou…