Numa noite desci do ônibus cansada e com uma sensação estranha.
Ao passar em frente a casa da Dolis alguma coisa me impulsionou a bater na porta, naquele horário era comum ela estar dormindo, mas segui o impulso e bati, ela não respondeu e deduzi que estava dormindo, mesmo assim insisti.
Coloquei a mão na maçaneta e percebi que a porta estava apenas encostada o que não era comum.
Entrei e o que vi não esquecerei jamais, a Dolis estava sendo sufocada por uma figura escura, ela se debatia procurando respirar e a figura grudada em seu pescoço se esparramava sobre ela, pressionando seu corpo sobre a cama que afundava como se aquela coisa pesasse toneladas, a cama até rangia.
Fui tomada por uma energia desconhecida até então e estendi as duas mãos em direção a aquela coisa que se desprendeu e sumiu no ar.
Ajudei a Dolis a sentar-se, dei-lhe água, e só depois de algum tempo ela voltou a respirar normalmente.
Agradeceu e perguntou se eu vira o ladrão que tentara mata-la para roubar e eu disse que tudo foi muito rápido e que não entendera o ocorrido.
Não disse que o suposto ladrão não tinha um corpo físico e que sumira como fumaça no ar, ela não iria acreditar, já que até eu estava tendo dificuldade para acreditar no que vira.
Olhei para a foto do falecido marido dela pendurada na parede e notei que era muito parecido com a figura que tentava sufocá-la.
Levei-a para dormir na nossa pequena casa, e em certo momento perguntei-lhe sobre o falecido e como morrera. Ela contou que ele era muito ciumento e que quando estava doente disse que se viesse a morrer, viria buscá-la para que não se casasse novamente.
Nos dias que se seguiram falou-se muito sobre o ladrão que quase matara a Dolis, a fechadura foi trocada e reforçada e eu me mantive silenciosa mais uma vez…