Depois de cumprir os trinta dias de aviso prévio na Star Up, passei a trabalhar na fábrica de flores em período integral e oficialmente.
A documentação da loja, estava sendo providenciada pelo escritório de contabilidade do Tinho, e iria demorar.
Num determinado dia, resolvi organizar mais uma vez o estoque de materia prima, e fiquei até tarde da noite realizando o que eu considerava muito importante.
A Dona Odila achou que seria melhor eu dormir na casa dela pois estava realmente tarde, o Amauri havia dito que iria me levar para casa que não ficava muito longe dali, mas entendi que ela gostaria verdadeiramente, aceitei o carinho e fiquei.
Ela me colocou para dormir na cama do Amauri e ele foi dormir no sofá da sala.
Estava amanhecendo quando acordei sentindo a presença de alguem ao lado da cama, pensei ser espirito ( estava acostumada com este fato ), mas percebi que era o Sr. Angelo quando falou com a voz contida para ser ouvido apenas por mim:
– Não pense que me engana, você está querendo é dar o golpe do baú. O Amauri e a Odila você pode convencer, mas a mim nunca, conheço bem gente como você. Vem não se sabe de onde, de familia atrapalhada e sem ter onde cair morta. Estou de olho!
Fiquei meio atordoada, enquanto ele saiu apressado em direção do banheiro, ao ouvir a voz da Dona Odila.
Esperei todos usarem o banheiro para depois me levantar, e com isto tive tempo para me refazer.
A Dona Odila tinha uma senhora que trabalhava com ela a muito tempo, pelo que diziam, desde que o Amauri e o Arnaldo eram crianças.
Ela se chamava Angela, e eles a chamavam muitas vezes de Larangela para brincar. Ela já estava acostumada com as brincadeiras e não parecia se aborrecer.
Desde que comecei a trabalhar na fábrica de flores, eu almoçava junto com todos na casa da Dona Odila, e com isto fui criando amizade com a Dona Angela, e em pouco tempo estávamos próximas como se nos conhecêssemos a muito tempo.
A forma que o Sr. Angelo a tratava era grosseiro, e ela muitas vezes retribuía.
Ele contava os ovos da geladeira para ver se ela não havia levado algum, e ela sabia porque ele mesmo falava para ela.
E esta era apenas uma das coisas que ele fazia que eu achava um absurdo, mas eu não ficava de conversa, apenas observava e com isto ia aprendendo lidar com aquela personalidade tão peculiar…