Estava na loja arrumando as flores nos vasos, quando o carro da auto escola pérola estacionou em frente.
Este fato me remeteu a alguns meses antes, quando a Dona Odila me incentivou a tirar carteira de motorista.
E foi na auto escola pérola, que fiz as aulas.
Em pouco tempo e com apenas algumas aulas, marcaram minha prova junto com outros alunos.
Fiquei preocupada ao ouvi-los dizer a quantidade de aulas que haviam feito, se comparadas com as minhas. Pensava que não seria possível passar, tinha pouca experiência de direção e baliza.
Estávamos todos juntos no local da prova, quando vi que algumas pessoas do nosso grupo foram reprovadas.
Foi então que relaxei. Sabia que não passaria e isso de alguma maneira me tranquilizou, já que considerei este fato como certo.
Na minha vez, consegui até sorrir para o rapaz que se sentou ao meu lado com a prancheta na mão.
Ele foi indicando o caminho e eu seguindo o comando.
Quando ele pediu para eu parar numa ladeira, uma carroça parou bem na frente do carro.
Ele olhou diretamente para mim sem dizer nada, parecia esperar minha atitude.
Foi então que falei:
– Em São Paulo deve ter poucas carroças e uma tinha que estar justamente na minha frente, bem no dia da minha prova?
Ele riu e eu pensei que não deveria ter dito aquilo, já que poderia ser visto como desrespeito por ele, mas já tinha feito.
Para surpresa de todos, mas principalmente para minha, fui aprovada.
Tinha uma carteira de motorista e a certeza de que não sabia dirigir.
Eu estava ainda em meio a estes pensamentos, quando o assédio mostrou seu poder.
O Sr. Ângelo entrou na loja e disse
– A Odila pediu para você ir comprar cetim, está faltando. E é para ir de carro. Eu vou junto, quero ver você fazer barbeiragem com meu carro.
Entendi que a Dona Odila estava confiando o carro a mim, e ele, torcendo para eu falhar me ameaçava…