A Ana Maria tornou muito mais que uma funcionária, era uma amiga.
Sentia que ela vibrava pelo nosso sucesso, e sempre eu que precisava viajar, era ela quem assumia as minhas funções e eu ficava tranquila, confiava nela.
A Dona Odila ou o Sr. Angelo vinham todas as manhãs me buscar em casa e me levar para o trabalho.
De maneira surpreendente, ele não se recusava a fazer esta função de motorista particular.
Por varias vezes, pensei na possibilidade de ele não ser tão chato, mas sim estar fazendo tipo.
Em outras, pensava que ele tinha boa vontade porque via que eu trabalhava muito, trazendo retorno financeiro.
A Dona Odila em compensação, mostrava cada vez mais um enorme carinho por mim.
Num domingo, estávamos vendo tv na sala da casa dela, quando inesperadamente ela perguntou pra mim e pro Amauri, se não pretendíamos nos casar.
Fomos pegos de surpresa, não tínhamos falado ainda sobre isso.
Ele com a irreverência de sempre, disse que poderíamos pensar, visto que a sociedade na loja havia dado certo.
Me senti feliz e eles viram minha felicidade, só não sabiam que a felicidade era porque de alguma maneira, ele estava assumindo que eu era sócia na loja.
Estava tão envolvida na minha íntima felicidade, que ele precisou repetir o que dissera.
Estava propondo que eu escolhesse o mês do casamento e ele, escolheria o dia e ano.
Em tom de brincadeira como a maioria das nossas conversas, eu disse que gostaria do mês de dezembro e ele completou, trinta e um de dezembro do ano que vem, assim vamos aproveitar até o ultimo dia de solteiros.
Foi neste clima de brincadeira que firmamos a data de um compromisso sério, e como nos conhecíamos bem, sabíamos que nem um nem outro voltaria atrás.
A Dona Odila e depois as tias, argumentaram que ninguém iria a um casamento naquela data, já que todas as pessoas estariam envolvidas com as festas da virada do ano.
Para todas ele dizia que bastava nós para o casamento acontecer, e assim ficou.
Casaríamos em trinta e um de Dezembro de mil novecentos e setenta e um, (31/12/1971) em uma data bem incomum, éramos assim…