A dor física que sentia juntou-se a dor da perda daquele ser tão desejado o qual nem sequer sabia da existência.
A incompreensão e a frustração resultou em uma angustia, uma tristeza, que me acompanhou por dias.
Em uma manhã, eu estava na loja quando a Dona Odila entrou.
Trazia a chave do carro na mão e me convidou para ir com ela até a fábrica de calçados Horizonte, disse que como não gostava de me ver triste, achou que me animaria indo comprar sapatos e bolsas.
A Dona Odila tinha um acordo com essa fábrica de calçados, ela fornecia flores e folhagens para enfeitar as vitrines e eles pagavam com sapatos e bolsas, isso fazia com que todos os meus sapatos fossem de qualidade e as bolsas viessem sempre complementando o conjunto.
A Dona Odila em sua generosidade, estendeu esse beneficio a mim logo que comecei a trabalhar com ela e sempre que ia comprar a nova coleção eu ia junto, voltávamos trazendo uma quantidade de sapatos e bolsas que jamais conseguira pensar em ter.
Era comum este fato me transportar para a lembrança do meu primeiro sapato encontrado na linha do trem como já relatei anteriormente, e comprova a ação da força universal e o evento dos milagres.
Isso fez com que me sentisse comprometida a deixar a tristeza para trás em função do carinho da Dona Odila.
Recolhida em oração, busquei no mais íntimo da minha alma a certeza que teria filhos.
O instinto maternal era latente e amenizava as palavras do médico que me atendera na primeira vez que perdera o bebê:
– Você tem útero infantil, provoca descolamento da placenta e em vista disso não pode ter filhos.
Aquelas palavras vinham na minha mente em tom de profecia e minha alma as rejeitava. Assim me fortalecia na certeza que teria filhos….