Eu era extravagante na maneira de vestir e como o Amauri gostava, me animava ainda mais.
No inverno daquele ano, comprei um tecido de lã grossa e a Florisa fez com ele um casaco longo, de gola alta e aberto na frente. Fez também um minúsculo shorts que deixava minhas pernas, bem feitas por sinal rs, totalmente a mostra enquanto eu caminhava.
A roupa chamava a atenção e eu e o Amauri nos divertíamos com o fato.
Eu era extravagante mas com classe, dizia ele.
Quando os avós dele, Vô Olinto e Vó Teresa fizeram bodas de ouro, a tia Norma prometeu uma festa com missa para celebrar a ocasião e convidou o padre da igreja bom conselho para realizar a bênção.
Quando desci as escadas pronta para a festa, o Amauri riu aprovando meu traje.
A blusa em tom claro, de manga comprida e uma falsa gola role, já a micro saia shorts era salmão e lógico acompanhada de um conjunto de sapato e bolsa, tudo combinando.
Na festa foi um burburinho. Até o padre na hora da bênção, falou que da mesma maneira que cuidei da blusa, deveria ter cuidado da saia, pois ele achava que eu deixara uma parte em casa.
Todos riram, até porque acredito que ele disse o que muitos gostariam de dizer.
Eu e o Amauri também rimos, mas porque gostávamos de provocar esses movimento na família, já que eram muito conservadores.
Em uma outra festa promovida como sempre pela tia Norma, ela anunciou que as mulheres deveriam usar vestidos longos, a festa seria realizada na casa nova dela, num bairro mais requintado do que a Mooca.
Fui ao shopping Ibirapuera, que era um dos primeiros shoppings de São Paulo, e entrei em uma loja especializada em lingerie. Comprei uma camisola longa de cetim preto, linda, nas costas um decote até a cintura, ao lado uma fenda que ia da barra até o alto da perna. Um verdadeiro escandalo.
Quando cheguei na festa vestida com a camisola muitos comentaram ser um exagero.
Eu também achava mas gostava, tinha o Amauri a meu lado e para nós estava tudo certo.
Lá pelas duas horas da manhã saímos para ir embora e o Amauri perguntou se não queria ir ao aeroporto tomar café, naquele tempo era elegante ir na madrugada tomar café no aeroporto de Congonhas.
Concordei e terminamos a noite tomando café, vendo os aviões decolar, passeando pelo aeroporto e observando as pessoas fingindo que não estavam olhando para minha camisola…….