Eu, a Florisa e o Rolando muito antes do horário estávamos prontos para ir até a Santa casa.
Pensamos em tomar um taxi, mas o Amauri não deixou e nos levou de carro, até porque ele também queria ir.
Cada gesto de atenção e carinho do Amauri comigo e minha família, aumentava minha gratidão e admiração.
Quando chegamos nos deixaram entrar no quarto e comunicaram que um de nós poderia ficar com ele, colocaram uma cadeira ao lado da cama para aquele que ficasse.
Combinamos que iríamos nos revezar, e assim fizemos.
Ele já estava internado a dois dias realizando exames, medicado e as convulsões haviam diminuído, diante desse quadro, o Amauri levou o Dr. Nelson até e rodoviária para que ele voltasse a Ivaiporã.
Era final de tarde quando um médico entrou no quarto, eu estava sentada na cadeira ao lado da cama e me levantei para recebe-lo, eu já o vira antes, mas não sabia seu nome.
Não era sempre o mesmo médico que vinha ver o Rolandinho, eles mudavam a cada turno, já o Arnaldo estava sempre vindo e nos explicando sobre o que ocorria.
O médico me perguntou pelos pais do Rolandinho, eu disse que poderia conversar comigo, já que era meu turno e eles só viriam no horário da visita.
E assim ele fez. Enquanto ele falava e eu ouvia, fui me sentando lentamente. A sensação de desmaio fez minha cabeça rodar, segurei no braço da cadeira e procurei forças, afinal eu dissera que poderia falar comigo.
O Rolandinho estava com um tumor no cérebro, em um local de difícil acesso.
Se fizessem uma cirurgia ele poderia morrer durante o processo, se não fizessem sofreria muito de dor e terminaria por morrer.
Perguntei pela chance de sobreviver, ele explicou que caso ele sobrevivesse, corria o risco de ficar com o cérebro lesionado, deixando-o sem coordenação motora ou até mesmo cego.
Enfim as notícias não podiam ser piores, não havia nada de bom.
O Rolandinho estava sedado e portanto não tinha a menor ideia do risco que corria sua tão jovem vida.
Sai do quarto seguida do medico justamente quando o Arnaldo chegava, corri em sua direção, o abracei e cai num choro que fazia meu corpo tremer.
Vi que disfarçou uma lagrima enquanto ouvia o médico explicando tudo a ele.
Com muita dificuldade parei de chorar e pedi ao Arnaldo que contasse para o Rolando e a Florisa, eu não teria coragem.
Eles precisavam saber com urgência para autorizar a cirurgia….