O exame de ultrassom ainda era novidade e o plano de saúde não cobria.
Como eu tinha um histórico de descolamento de placenta, precisava fazer para que houvesse mais segurança para o desenvolvimento do bebê.
Ouvir o coração do bebê foi mágico e chorei de emoção.
Quando saiu o laudo, nova surpresa, não dava para saber de quantos meses eu estava, poderia ser três ou quatro.
Também não conseguimos saber o sexo, a tecnologia não chegava a tanto. Mas uma coisa ficou certa, era uma gravidez de risco e novamente poderia perder o bebê a qualquer instante.
Para termos mais segurança só com repouso absoluto, e foi o que fiz.
Não deixei de ir na loja, mas ficava o tempo todo deitada em uma cadeira estrategicamente providenciada para que eu pudesse estar lá.
Era mais seguro do que ficar sozinha em casa, já que na loja eu tinha a Dona Odila e as meninas que trabalhavam conosco.
Três meses se passaram e a gravidez já parecia segura, assim o médico me liberou para pequenas saídas.
A Sueli filha da Dida também estava grávida, e nessa ocasião quase na hora do parto.
Quando ela foi internada, nasceu uma menina, Daniela, eu e o Amauri fomos no mesmo dia ao hospital visita-la.
Olhei para a filhinha dela e pensei se o meu bebê seria menino ou menina.
Nesse momento lembrei-me do sonho e tive certeza, é uma menina, que dali a mais ou menos dois meses nasceria.
Eu repetia o ultrassom a cada quinze dias e tudo estava indo bem, me sentia segura, o bebê estava formado.
Quando já estávamos longe do hospital indo para casa, senti molhar minhas pernas e num susto eu e o Amauri entendemos que a bolsa havia estourado.
Precisávamos ir ao hospital com urgência.
Procurávamos nos ajudar, um tentando acalmar o outro, mas era muito cedo para o bebê nascer e com as experiências anteriores era impossível não nos preocuparmos.
Quando entramos no hospital Santa Joana fomos atendidos, e enquanto eu era preparada nasceu a minha filha, não deu tempo nem do médico chegar, nasceu na mão da parteira.
Eu não consegui vê-la, já que naquele tempo não existia o cuidado que existe hoje com as mães no sentido de colocar o bebê no colo delas logo que nascem.
Além disso era prematura e precisava de cuidados urgente.
Ela foi levada para a incubadora e ficaria lá por tempo indeterminado.
Nascera com vários problemas como a maioria dos prematuros.
Dois quilos de peso apenas, não conseguia se aquecer e uma infecção não identificada.
O Amauri foi ao cartório e a registrou, orgulhoso mostrou-me o registro, agora era oficial tínhamos nossa filhinha.
Dois dias depois tive alta, mas ela não, ficaria no hospital até se fortalecer.
Fomos embora com a certidão de nascimento na mão mas sem nossa filhinha, Juliana, assim ela fora registrada.
Como a situação dela era muito delicada e havia risco de não sobreviver, ficou na ala intensiva e para nossa triteza não pudemos vê-la quando saímos.
Ao chegarmos em casa olhei o berço vazio, para suas roupinhas e chorei.
O Amauri me abraçou e também chorou…