Minha vida mudou completamente.
Passei a me dedicar totalmente a minha filha e fiz dela a minha prioridade.
Ela era tão pequenina. Tinha apenas 37 centímetros de altura, pesava 2 quilos e as mãozinhas eram tão minúsculas, que quando seguravam meu dedo, não conseguiam abraça-lo na volta toda.
Seu rostinho era do tamanho exato do miolo do girassol que estava estampado na parede da sala de tv, foi o Amauri quem a fotografou com o rosto no centro do girassol, para registrar de tão impressionante que era.
Seus banhos a princípio eram com óleo Nujol e gaze, pois ela não podia ficar muito tempo exposta, sem roupa.
Certo dia a Dona Odila estava em casa na hora do banho e pediu para eu deixar que ela o fizesse.
Eu sinceramente não me senti confortável, mas concordei afinal era a avó dela, e assim me convenci que tudo daria certo.
Preparei tudo para agilizar, como sempre.
Óleo, gaze, pomada, fralda, cueiro e roupinhas. Tudo conferido e reconferido algumas vezes.
Fechei a porta do quarto, verifiquei o termômetro e finalmente tudo estava pronto.
Naquele tempo usava-se uma espécie de toalha fina sobre as fraldas (que eram de pano pois não existiam fraldas descartáveis) que se chamava cueiro.
Bem, voltando ao banho de óleo.
Dona Odila começou a tirar a roupa da minha filhinha, e a medida que a via nua se agarrando nas suas mãos foi ficando nervosa e acabou entrando em pânico, saiu correndo do quarto deixando-a sobre o trocador.
Fechei a porta novamente e terminei de dar o banho.
Quando ela estava vestida e enrolada no cobertor fui com ela no colo atrás da Dona Odila.
A encontrei na sala, na parte debaixo do sobrado, chorando.
Era uma mulher forte, mas não suportara a visão daquele bebê tão pequeno.
Quando estava enrolada nas roupas e cobertores, o tamanho dela ficava meio disfarçado em meio a tanto pano.
E foi só quando a viu na realidade, que Dona Odila entendeu porque eu havia deixado a loja e todo o resto da minha vida, para me dedicar aquele serzinho que parecia precisar tanto de mim…