Estávamos a dois dias no hospital quando a Tia Norma veio nos visitar.
O Amauri já não tinha mais febre e as dores haviam diminuído apesar das bolhas terem aumentado em quantidade e tamanho.
A Tia Norma nos contou que ligara para a TV Globo pedindo que contassem o fato e avisassem ao público sobre o perigo da receita que saíra na revista.
Ficou indignada porque não deram atenção e na mesma noite deram um tempo enorme no jornal falando de um jogador de futebol.
Ela estava revoltada.
Trouxe também noticias das crianças, os pais do menino vieram busca-lo. Os meninos se divertiram um dia na praia sem noção do que ocorrera, o braço da Juliana estava melhor e ela não tivera nenhuma consequência a mais, nem mesmo febre, a mamãe viera para São Paulo e estava ajudando a Nenem, ou seja tudo estava administrado.
Meu coração se aquietou.
Estavamos internados a uma semana, quando sai no corredor e me encontrei com a mãe da jovem de 14 anos, que estava internada no quarto em frente ao nosso com o mesmo problema, como relatei anteriormente.
Ela estava desesperada em prantos, sua filha acabara de falecer. Enquanto chorava, repetia sem parar que havia matado a filha porque fizera a receita e dera para menina usar.
Chamei ajuda dos enfermeiros, quando ela tentou correr até a janela do fundo do corredor dizendo que iria se matar.
Ela foi contida, e aplicaram uma injeção que acredito ser calmante.
Tudo ficou silencioso e depois disso. Nunca mais soube desta pessoa ou desta família, eu rezava mesmo sem saber seus nomes.
Ninguém merecia viver o que eles estavam vivendo……