A Florisa ficou morando com a Jaqueline em São Paulo e o Rolando em Ivaiporã, no Paraná, e de tempos em tempos eu ia com ela visita-lo.
Ele parecia não ter mais interesse pela vida.
Como a Florisa estava decidida a permanecer morando em São Paulo precisava trabalhar, então resolveu que voltaria a costurar, o que sempre fizera muito bem.
Ela sempre trabalhou costurando e dando aulas de costura, portanto se dava bem profissionalmente onde quer que estivesse.
Havia também a Jaqueline, que não queria mais voltar a morar no interior.
Quase que todos os dias antes de ir para casa eu passava na casa da Florisa (como já disse a casa dela ficava em frente a minha) para ver se tudo estava bem e conversar um pouco com ela.
A vida continuava agitada, estávamos seguindo em frente mas com o coração ainda machucado.
Em uma dessas ocasiões, enquanto a Juliana brincava na sala, senti náusea e cólica ao mesmo tempo.
A Florisa ficou preocupada, mas eu tive certeza que novamente estava grávida, fui ao médico e de fato estava.
Fiquei muito feliz e pensei que Deus estava querendo compensar a dor que vivera.
Esse pensamento, também durante muito tempo não compartilhei.
Neste mesmo período, a casa da Florisa começou a ser povoada por energias confusas e acontecimentos estranhos que assustavam a todos.
As luzes acendiam e se apagavam continuamente, uma criança aparecia nos cantos da casa e um choro continuo era ouvido por todos os comodos.
Certa noite, eu estava sentada no sofá ao lado da Florisa quando um garotinho saiu do quarto dela, passou por nós e se encaminhou para a cozinha desaparecendo.
Olhamos uma para a outra e tínhamos certeza que víramos a mesma coisa, falar sobre o acontecido era só para reafirmarmos que não estávamos loucas.
A Florisa ficou preocupada que os acontecimentos paranormais prejudicassem de alguma forma seu trabalho com as costuras, visto que as tesouras sumiam, um certo tecido apareceu cortado, entre outras coisas inexplicáveis.
Tudo isso fez com que eu tivesse a idéia de arrumar um espaço dentro da loja da Rua da Mooca para ela ter sua oficina.
Ela gostou da idéia, e como o espaço era suficiente, em pouco tempo ela estava acomodada e ia todos os dias de carona comigo para o trabalho.
Eu trabalhava muito, afinal havia conquistado muitas coisas como a loja, as vitrines, a jardinagem e sempre com a Juliana me acompanhando, sem nunca me descuidar dela.
Ela estava sempre arrumada como uma boneca, já estava com mais de dois anos, falava corretamente e andava de tamancos, uma lindeza, e agora eu estava esperando mais um ser, a quem eu já dedicava um amor imenso.
Algumas vezes pensei que teria que mudar a forma com que cuidava da Juliana, porque se fizesse o mesmo com aquele que estava para vir, não conseguiria fazer mais nada.
Mas em seguida pensava, eu sei que darei conta……..