O Amauri tinha muitas garrafas de bebida enfeitando o bar, esse canto da casa era só dele. Ele tinha garrafas lindas, bem diferentes, algumas ele trouxe de viagens, outras ganhara de amigos.
Ele não bebia muito, mas gostava de ter o bar sempre cheio, que além de bonito era decorativo.
Estávamos retomando a vida, e eu já conseguia trabalhar com um pouco mais de tranquilidade.
Certa dia, ao voltar para casa, a mamãe reclamou que a Dona Lurdes estava tendo um comportamento estranho, disse que todos os dias a tarde ela parecia lenta, falando mole e com cara de sono.
Levantei a possibilidade dela acordar muito cedo e por isso ter sono a tarde.
A mamãe argumentou que não devia ser só isso, já que esse comportamento só ocorria quando eu não estava em casa.
Pensei nos motivos para isso acontecer, mas como eu só voltava para casa quando a Dona Lurdes já havia ido embora, ficava difícil chegar a uma conclusão.
Assim resolvi comprovar os fatos. Fui trabalhar normalmente, voltei no final da tarde, mas antes do horário normal.
Encontrei a Dona Lurdes apoiada no batente da porta e falando mole, ou seja, completamente embriagada.
Não tive outra opção a não ser despedi-la.
A mamãe disse que não entendia como ela poderia estar embriagada se não via ela bebendo, e também não tinha bebidas por lá, a não ser as do bar do Amauri, que estavam completamente cheias.
O Amauri chegou e ao ficar sabendo do ocorrido foi olhar suas preciosas garrafas de bebida.
Estavam todas abertas e quando ele experimentou as bebidas entendeu o que se passava.
Ela bebia um pouco de cada garrafa e completava com água, assim as garrafas se mantinham sempre cheias.
Diante deste fato e precisando estar mais presente no trabalho, comecei a pensar na possibilidade de voltar a morar em São Paulo.
Doía o coração ao pensar nisso. Nossa casa tão desejada, projetada nos mínimos detalhes e ainda não havia dado nem tempo de aproveitar tudo que ela nos oferecia.
Enquanto pensava no que fazer, vivíamos uma vida super movimentada, com quatro crianças e mais uma se formando no meu ventre. Trabalho, muito trabalho!
Esqueci de dizer que além disso tudo tínhamos quatro cachorros. Uma policial, um dálmata e dois mestiços, todos grandes.
Certa tarde estava na cozinha quando ouvi o André chamar a mamãe, – Vovozinha vem prender a Caca para os cachorros comerem.
Corri até lá sem entender o que ocorria. Encontrei a Carolina que já estava engatinhando, comendo a ração dos cachorros e eles afastados apenas observando.
A mamãe me contou que sempre que ia dar a ração precisava segurá-la ou levar para outro lugar, porque se descuidasse, ela engatinhava até as vasilhas deles para comer, e que eles apenas se afastavam, dando espaço a ela.
Eu definitivamente precisava encontrar o caminho para uma nova rotina de família……