Já havia se passado duas semanas até a Florisa voltar ao assunto da amiga e seus trabalhos espirituais.
A conversa foi, voltou, foi para um lado, para outro, mas ela não desistia de me convencer a ir.
Mais uma vez argumentei que esta coisa de tambor era para pessoas de mente pequena. E com arrogância e superioridade, ainda disse que me surpreendia uma pessoa como sua amiga se envolver com coisas como aquela.
Era surpreendente o quanto a Florisa insistia em querer ir e me levar junto.
Encurtando, concordei em ir na segunda-feira seguinte, contanto que fossemos embora no momento que eu decidisse.
A Florisa ficou exultante e eu continuei sem entender a importância que isso tinha, já que não tínhamos nenhum conhecimento de como estes trabalhos ocorriam.
Na nossa educação não havíamos tido informação ou qualquer tipo de pratica sobre o assunto.
Enfim, chegou a segunda-feira e o dia do trabalho espiritual.
Assim que ela me lembrou do compromisso, perdi a esperança de que ela pudesse esquecer ou desistir.
Quando chegamos outra surpresa. A casa era um grande sobrado e ficava na mesma rua da primeira casa em que morei depois do casamento com o Amauri, vizinha bem próxima, até do mesmo lado da rua.
Chegamos, estacionei e nos dirigimos até o portão da garagem, onde um rapaz nos recebeu e indicou para entrarmos .
A garagem era na parte inferior, logo depois de uma rampa a qual saia na rua.
Entramos e nos sentamos em um sofá que ficava encostado em uma das paredes.
Olhei para tudo aquilo é me perguntei mentalmente o que eu estava fazendo ali.
No fundo bem a minha frente havia um altar com dois andares, algumas imagens, ao lado direito um tambor e entre as imagens sobre o altar, um cinturão de couro e um chapéu também de couro.
Eu estava prestes a pedir a Florisa para irmos embora, quando o rapaz que nos recebera fechou a porta da garagem dizendo que ninguém poderia sair até terminar o que ele chamou de gira.
A minha situação de desconforto aumentou ao sentir a tão conhecida tontura que antecedia a minha dor de cabeça…