Estávamos eu e a Florisa ali, sentadas no canto do sofá lado a lado. O lugar estava cheio de pessoas que pela forma de vestir pareciam classe média alta.
Alguns estavam de branco e entendi que estes já faziam parte dos trabalhos, e que os outros assim como eu e a Florisa, éramos assistência, porque assim fomos chamados pelo mesmo rapaz no momento que anunciou que o trabalho iria começar.
O rapaz pediu que nós, a assistência, fizéssemos silêncio e se posicionou atrás do tambor ao qual ele chamou de atabaque.
Minha cabeça a esta altura explodia de tanta dor.
Eu me vi refém de uma situação insólita e sem poder fazer nada, a menos que desrespeitasse a orientação, e esse direito eu não tinha.
As pessoas de branco se posicionaram em duas filas formando um corredor.
Por esse corredor entrou a amiga da Florisa e se posicionou diante do altar de costas para nós, a assistência.
A um sinal dela, uma jovem trouxe um recipiente com a defumação passando por todas as pessoas de branco e em seguida pela assistência.
O rapaz deu início ao toque do tambor e eu abaixei a cabeça segurando-a com as duas mãos.
A dor era insuportável e o que eu mais queria era ir embora para minha casa, iria esperar o momento oportuno e faria isso, pensava…