Meu pai durante o período em que estive morando com ele na fazenda, me ensinou tudo que sei sobre a vida na roça.
Entre outras coisas, me ensinou a manejar o laço de couro, atirar com o revolver e com a garrucha, me fazendo perceber a diferença entre um e outro.
Da primeira vez que ele foi me ensinar a atirar com a garrucha, explicou que quando eu puxasse o gatilho ela daria um coice (tranco), que era preciso segurar com força para não me machucar.
Fiquei com medo de atirar. Ele se afastou até um grande tronco de árvore e apontou para um minúsculo buraco que existia nela dizendo com autoridade de coronel:
– Atire aqui.
Fiquei sem ação, pois ele ficou ao lado do tronco esperando que eu atirasse.
Pela minha cabeça passou o pensamento que eu poderia acertar o tiro nele, o que fez com que eu me recusasse a atirar. Ele ficou muito bravo e disse quase gritando:
– Atira pamonha! (ele tinha o hábito de dizer que quem era covarde, frouxo, etc… era pamonha, e eu odiava pensar que ele poderia me achar uma pamonha).
Ao ouvir a palavra pamonha, puxei o gatilho, fui jogada para traz com a força do tranco e fiquei praticamente surda com o estampido.
Meu pai me abraçou e me levantou no ar festejando minha coragem, em meio a gargalhadas.
Foi um momento tenso e ao mesmo tempo muito feliz.
Eu poderia tê-lo ferido, mas provei a ele que não era uma pamonha…