Já era noite quando cheguei à Marília e como estava frio, as ruas estavam quase desertas. Enquanto caminhava em direção a casa de minha mãe, pensava no que poderia estar acontecendo, para que ela me chamasse.
Para mim, não existia a menor dúvida de que alguma coisa séria havia acontecido. Estava ansiosa para chegar e saber do que se tratava.
Ao entrar em casa, vi minha mãe aos prantos e sobre a cama uma montanha de tecido de veludo vermelho.
Ela havia conseguido pegar as cortinas do palco da assembléia para fazer. Eram enormes e o sonho de toda costureira.
Minha mãe ao cortar o tecido, errou a medida da altura e só percebeu quando terminou. Viu que estava sobrando tecido, o que não deveria acontecer, visto que o cálculo era sempre justo.
Ao reconhecer o erro, minha mãe entrou em pânico e não conseguiu pensar em nenhuma alternativa. Só conseguia chorar, já que não teria dinheiro para comprar outro veludo, era um tecido muito caro (quando uma cortina é cortada errada para menos na medida da altura, não tem conserto porque não se pode fazer emenda no meio).
Olhei para minha mãe e disse: – Calma, nós vamos conseguir dar um jeito.
Apesar de muito nova, eu tinha algumas certezas, que não sabia explicar e que era sentida pelas pessoas. E assim foi com minha mãe.
Consegui que ela se acalmasse e tomasse uma tigela de sopa, enquanto eu olhava para o tecido amontoado sobre a cama e punha minha cabeça para pensar.
Olhei as medidas escritas no papel e verifiquei que faltava trinta centímetros em cada altura.
O modelo da cortina era de pregas na parte de cima que deveriam medir dez centímetros.
Cortei do tecido que sobrara, tiras de vinte e dois centímetros para cada altura de cortina. Fiz as emendas dobrando e com costuras batidas, escondendo-as embaixo das pregas e ganhando com isto, dez centímetros na altura.
Cortei o restante em tiras de quarenta centímetros emendando na parte da barra também, dobrando como fizera na parte de cima e ganhando a altura necessária.
A partir daí, era colocar a cortina no lugar e rezar para que a gambiarra não fosse percebida. Este trabalho foi realizado em três dias e três noites sem dormir.
Quando eu e o Nino terminamos de colocar a cortina e nos afastamos para olhar, foi mágico. Não dava para perceber as emendas, e a barra estava reta como nunca havia acontecido.
As barras nunca ficavam certas e por isto sempre entregávamos as cortinas sem costura-las, deixando isto para realizar no lugar. E esta barra (a única que levamos pronta), estava perfeita.
Mais uma obra de Deus em minha vida…
Me emocionei demais com essa história. Acho que porque nela, mais uma vez, vi a força divina em movimento agindo através da fé. Da sua fé Mãe Amada. Mais uma vez, obrigada!