Esqueci de dizer que eu também tenho apelido, Zinha. Este sempre foi meu apelido. E surgiu porque meu pai me chamava de índia, depois de indiazinha, e acabou por ficar apenas Zinha. Todos sabiam que eu não gostava de vestir roupas nem sapatos e, por isso, ele dizia que eu parecia bugre, índia, etc.
Eu adorava quando o circo vinha à cidade, e ele havia chegado. Meu pai prometeu que iríamos todos ao espetáculo naquela noite. Fiquei feliz demais e fui falar com o Nino – “Nós vamos ao circo!”. Ele, então, disse que eu estava com o cabelo feio e que, se eu deixasse, ele cortaria para mim, pois tinha aprendido com o barbeiro lá na barbearia. Eu queria ir ao circo linda e, assim, deixei.
Meu pai tinha uma máquina de cortar cabelo que hoje só deve ser vista em museu. Era ele quem cortava o cabelo dos meninos de casa e, por isso, tinha a tal maquina. E foi com ela que o Nino fez o que vou relatar a partir de agora.
Sentou-me em um banquinho, colocou um pano no meu pescoço, e começou a passar a máquina da testa para trás. Eu chorava, porque puxava, enroscava no cabelo, enfim, doía muito. Minha mãe ouviu aquela choradeira e veio ver o estava acontecendo. O Nino imediatamente largou a máquina enroscada no meu cabelo e saiu correndo. Minha mãe, então, me pegou no colo e não conseguiu disfarçar. A expressão do rosto dela era de susto enquanto dizia – “Vou desenroscar, não vai ficar feio…”
Meu pai foi chamado para me socorrer, mas não tinha o que fazer a não ser raspar todo o meu cabelo. O Nino havia feito uma estrada no meio da minha cabeça, deixando os fios compridos apenas dos lados.
Meu pai foi chamado para me socorrer, mas não tinha o que fazer a não ser raspar todo o meu cabelo. O Nino havia feito uma estrada no meio da minha cabeça, deixando os fios compridos apenas dos lados.
Chorando, careca, e me achando a menina mais feia do mundo, não desisti do circo e pedi ao meu pai que emprestasse um chapéu. Ele tinha vários, nunca ficava com a cabeça descoberta quando saia. Cada chapéu era mais lindo que o outro!
Por fim, a família toda sentada na arquibancada do circo e eu, com o chapéu na cabeça, de vez em quando chorava baixinho. O chapéu estava enorme e eu tinha que segurá-lo, pois balançava o tempo todo. Os palhaços entraram e começaram a cantar uma paródia da música “Índia”. Eu não sabia o que era assédio, mas posso afirmar que foi um dos grandes assédios da minha vida. Eles cantavam assim: “Índia, sua cabeça parece uma abóbora sem nenhum cabelo… E a sua cara… Cara de saci. Quando eu te vejo, não posso dormir…”
Saí chorando, passei por baixo da lona, e fui para casa com toda a família atrás. Passei algum tempo quase sem sair de casa e, quando saía, era com o chapéu enorme do meu pai. Ninguém conseguiu me convencer que os palhaços não estavam cantando para mim. Também não esqueci mais da parodia: “Índia, sua cabeça parece uma abóbora sem nenhum cabelo…”
Que delícia de capítulo Mãe, desculpa mas tive que rir. Beijos te amo.
Andréa olearo
Muito bom…..fiquei rindo da paródia!!! No momento deve ter sido estranho, mas hj é muito engraçado de ver.
Beijo
Ah Mãe…nossa chorei!!!!
Agora entendi essa paixão por chapéus! rs. te amo, mãe! bjs Dani Salim
Nossa, que história!
Não pude deixar de rir. Comigo aconteceu algo parecido… só que a minha irmã não raspou o meu cabelo e sim as minhas sobrancelhas, quando eu era criança. Mas, levamos uma surra daquelas… ela por ter feito e eu por ter deixado.
Ai, esses irmãos!!
Adorei, Mãezinha.
Bjssss
Mãe muito boa essa história… Beijos
Nossa, que vontade que deu de pegar essa menininha no colo. O que deve ter sido…nossa…que bom que hoje a gente pode dizer para a nossa criança interna o que é assedio…ufa! Obrigada Mãe amada. Voltei a minha infância. Tudo limpo. Viva!
..é Mãe, assédio não tem idade, nem arte. Agora compreendo porque aprendeu a adorar adornos na cebeça. Linda! (Cyntia)