Quando eu era ainda pequena e morava em Rancho Alegre, era membro da cruzada.
Na missa, ia sempre de vestido branco e faixa amarela no pescoço, mas depois que nos mudamos de lá e por todas as dificuldades vividas, algumas já relatadas aqui, sempre que possível ia a missa, mas não participava mais efetivamente, de nenhum grupo da igreja.
Nesta época em que eu estava morando com a Florisa em Rancho Alegre, ia a missa todos os domingos, da mesma maneira não participava de atividades ou grupos, apenas ia a missa e rezava muito, como era costume em toda a minha vida.
Certa noite eu já estava dormindo quando senti uma presença e acordei. Quando me virei voltando meu olhar para o canto da parede contrária a minha cama, parede esta onde ficava o berço do Rolandinho e onde ele estava dormindo tranquilamente, senti meu cabelo arrepiar ao ver a Nona que morrera a tanto tempo, ajoelhada e vestida com sua roupa e véu preto.
Ela estava rezando e em suas mãos o terço com o qual fora enterrada balançava fazendo sombra na escuridão do quarto, só então reparei na vela acesa no chão ao lado dela.
Perguntei o que ela queria e ouvi seu pensamento ecoando em minha cabeça:
– Quero que volte a trabalhar na igreja. Deve entrar para o grupo das filhas de Maria. Em pensamento eu me comprometi a fazer o que ela pedia.
Quando eu me comprometi, ela levantou um pouco o rosto sorrindo e em meio aquela palidez eu descobri que uma das coisas mais impressionante é um fantasma sorrindo.
Obs. Entre outros, este fato real, me inspirou a escrever um dos contos assombrosos para a radio Mayrink Veiga…
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