Eu estava ajoelhada rezando o terço quando a Florisa veio me chamar:
– O Rolando está chamando, é pra você ir lá na sala falar com ele.
Cheguei tímida e silênciosa. O Formiga estava sentado ao lado da mesa de madeira com um braço apoiado nela e um tranqüilizador sorriso no rosto.
Fiquei em pé, enquanto o Rolando me explicava que estava tudo bem, que eu poderia namorar e quais eram as regras.
Namoro só dentro de casa, não poderíamos nos aproximar quando estivéssemos fora, pelas ruas da cidade, casa de amigos etc… não poderíamos nos tocar, pegar na mão só para cumprimentar, os dias de namoro seriam terça, quinta e sábado, para finalizar disse: – Está de acordo Laércio?
Nada foi perguntado a mim, apenas os dois se deram as mãos firmando o acordo e o Rolando com um gesto nos convidou para irmos até a cozinha, onde foi servido o café com bolinhos.
Mal havíamos terminado de tomar o café e o Rolando disse: – Agora já está tarde, é hora de dormir.
O Laércio entendeu o recado, se despediu de todos e pediu permissão para eu acompanhá-lo até o portão, o Rolando olhou para ele com uma expressão séria e disse: – Ainda não, é muito cedo prá isto.
Ele então olhou nos meus olhos e se despediu tocando levemente minha mão.
Não esquecerei jamais o toque daquela mão tão jovem e áspera, denunciando o trabalho difícil que realizava...
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