Depois da experiência com a Jaqueline na noite do baile, fiquei ainda mais apegada a ela.
Meus cuidados redobraram e sempre que possível estava com ela nos braços, o Laércio não gostava e reclamava dizendo que éramos grudadas demais.
Meus cuidados redobraram e sempre que possível estava com ela nos braços, o Laércio não gostava e reclamava dizendo que éramos grudadas demais.
Eu não tinha maturidade para entender a implicância dele e continuava “grudada” na Jaqueline.
Quando estávamos entre as pessoas ele não deixava transparecer, mas quando estávamos a sós como na hora em que ele ia embora e eu o acompanhava até o portão desabafava.
Certa noite querendo fazer-se de bonzinho para a família, pediu para segurar a Jaqueline no colo. A Dona Alzira toda pronta deu a Jaqueline para ele, que não conseguia se ajeitar já que ela era muito pequena e ele nunca havia segurado um bebê.
Estava ainda tentando acomodá-la quando ela aos berros fez um enorme xixi que molhou até o peito da camisa dele.
Em pânico ele a devolveu para a Dona Alzira e enquanto o Rolando seguido de todos ria da situação, ele pegou-me pela mão e quase me arrastando saiu pela porta sem se despedir.
Quando nos aproximávamos do portão, ele pegou nos meus dois braços apertando com força e empurrando-me contra a parede da casa. Estava furioso como nunca podia imaginar que fosse capaz de ficar. Disse com grosseria:
– Você vai tomar uma decisão e é agora não é amanhã. Ou você fica com esta menina ou comigo?
Como eu não estava entendendo, não respondi o que o deixou ainda mais bravo.
Com um gemido pedi para que ele soltasse meus braços porque estava me machucando e ele completou:
– Esta pirralha está atrapalhando, não quero mais que você fique com ela no colo quando eu estiver aqui, não quero mais este grude. Vamos lá ou ela ou eu?
Eu acredito que estava em estado de choque diante de tanta violência e com dificuldade tentei um diálogo:
– Se você gosta de verdade de mim não deve me colocar numa situação em que tenha que fazer esta escolha. É absurdo demais.
E ele retrucou ainda mais grosseiro:
– Não quero conversa só quero saber se ela ou eu. Se for ela, vou embora e tudo está terminado.
Respondi ainda na tentativa de entender a situação:
– Pense bem antes de sair por este portão porque enquanto estivermos aqui podemos conversar e procurar uma forma de entendimento. Agora se você sair desta maneira sem me ajudar nesta situação nunca mais terá chance, tudo estará terminado para sempre porque se não conseguirmos nos entender neste assunto que me parece simples, que dirá em situações sérias que provavelmente enfrentaremos na vida?
Ele disse ainda com grosseria:
– O que está pretendendo com esta conversa? Parecer inteligente? Estou esperando, ou a pirralha ou eu?
Minha voz saiu como o fio de uma navalha:
– Pode ir embora e não esqueça que é para sempre!
Desvencilhei-me das suas mãos e entrei em casa enquanto ele saia pelo portão em direção a rua levando com ele a metade do meu coração.
Naquela noite dormi abraçada com o Rolandinho e segurando a pequena mão da Jaqueline através da grade do berço.
Cada vez que me movimentava sem conseguir dormir, a dor que ficara nos meus braços me faziam reafirmar, é para sempre…