Eu estava com quatorze anos nesta época e já fazia pelo menos dois anos, que eu vinha tendo um sonho recorrente, Nele eu me via vestida de branco com muita gente em volta.
O cenário mudava, mas o conteúdo era sempre o mesmo. Espíritos transmitiam através da minha pessoa ensinamentos e faziam pregações. Isto já ocorria quando eu estava em Rancho Alegre e eu imaginava que era minha futura vida como freira.
Quanto mais isso ocorria, mais eu procurava um lugar de fé e sendo assim, estive com a Neném em todas as igrejas da cidade, sem encontrar meu lugar.
Em cada uma delas eu procurava me dedicar para entender a forma de praticar a fé daquele lugar.
Descobri que em todos os lugares existem coisas boas, bons propósitos e que a minha dificuldade era quando as imposições não davam a chance de questionamento.
Em todos os lugares que estivemos o final era igual, ou você fazia parte daquela religião e seguia seus códigos, ou Deus iria te excluir não permitindo que estivesse ao lado dele.
Neste momento eu me retirava por não compreender este Deus.
E assim entre trabalho, matinê e busca de um lugar de fé, minha vida continuava. Eu e a Neném cada vez mais unidas.
Aos Sábados depois da matinê íamos a praça e como costume da época, passeávamos com as amigas em volta do coreto, enquanto os garotos ficavam espalhados pelas ruazinhas da praça.
As paqueras aconteciam através de olhares, que se encorajados eram seguidos por recadinhos levados pelos amigos em comum.
E foi assim que a Neném começou a flertar e depois a namorar um garoto, deixando de me acompanhar nos passeios.
Apesar de sentir muito sua falta nestas ocasiões, eu estava feliz por ela…