Com a Florisa morando em Ivaiporã, ficara mais difícil ver as crianças, e eu tinha sempre muita saudade.
A viagem de ônibus era cara e quando chovia era comum os veículos ficarem atolados. Ao longo das estradas de barro vermelho, via-se nessas ocasiões caminhões com seus motoristas acampados, esperando a chuva passar e o sol surgir para continuarem a viagem.
Por todas essas dificuldades as viagem eram programadas com muita antecedência, e enquanto aguardava, eu ia na medida do possível comprando presentinhos para as crianças, era uma forma de me sentir próxima deles.
Todas as vezes que eu conseguia ir visita-los, o final da viagem parecia não acabar nunca. A saudade aumentava nos últimos quilômetros e a ansiedade me sufocava parecendo que eu ia parar de respirar.
A chegada era sempre uma grande festa, e a hora de voltar sempre o pranto e a incompreensão. Porque pessoas que se amam tanto precisavam morar tão longe uma das outras?
Este questionamento existia em mim desde muito pequena e havia despertado no mais intimo do meu ser.
Assim surgiu um desejo que eu compartilhava com toda a minha família, eu haveria de ter um sitio grande, onde todos teriam um espaço, construiriam suas casas e viveríamos juntos em harmonia e felizes, trabalhando, fazendo festas, rezando…
Era comum eu ouvir piadinhas sobre a grande loucura que isto significava, mas eu insistia em compartilhar meu sonho de viver junto com as pessoas importantes da minha vida. E quando surgiam comentários sobre a confusão que seria, porque as pessoas brigam entre si, etc… eu completava tentando resolver a questão:
– Quando eu digo junto, não é misturado. É junto no mesmo lugar cada um na sua casa, bem pertinho…
( Sonhos, só são sonhos, se não acredita neles.
Sonhos, são verdades, do fundo da alma.
Sonho, que vai chegar, um novo filho,
Sonho, uma nova esperança
Sonho, é a nossa aliança,
Sonho, é uma Nova Atlântida,
Juntos, Viver o meu sonho, lindo… )
Querida Mãe,
Minha reverência! Estamos lá! Juntos! Sempre!
Meu eterno amor.