Entre os vários amigos tínhamos, o José demonstrava uma atenção especial a mim. Ele era filho de um dos donos do Dias Pastorinho, o primeiro mercado da cidade.
Quando foi inaugurado, o mercado causou um impacto enorme na população da cidade, já que esta era acostumada as vendas e armazéns, onde o cereal era vendido a granel e acondicionado em sacos de papel.
Produtos expostos nas gôndolas e prateleiras, embalados em sacos plásticos, cada pessoa se servindo sozinha, tudo isso era novidade. Sendo assim, o mercado virou local de passeio para muitos.
Voltando ao José, ele dava sinais de que tinha interesses além daqueles demonstrados por amizade, e isso começou a me incomodar.
Eu já havia observado que quando algum menino, segurava minhas mãos ou o braço, de maneira estranha ou seja com segundas intenções, me incomodava muito.
Qualquer toque masculino era rejeitado,e com o José esta rejeição foi tão violenta, que rompi a amizade.
Este fato passou a ser motivo de observação da minha própria pessoa. Procurei dentro do mais profundo dos meus sentimentos o que me levava a ser estranha aos padrões daquela época.
Tudo que uma jovem queria, era a oportunidade de um namoro e um futuro casamento, e eu insistia em dizer que não me casaria nunca, e que não queria sequer namorar.
Cansada de querer saber mais sobre minhas dificuldades em me relacionar com sexo masculino, me fechei no quarto um final de semana inteiro, prometendo a mim mesma que só sairia de lá quando tivesse encontrado explicação para minhas esquisitices.
Para minha mãe, eu disse que iria jejuar e rezar o final de semana inteiro, e ela concordou, afinal eu era estranha mesmo…