No dia combinado, eu, o Betão e a Aline fomos até a casa do consulente.
Fomos muito bem recebidos por ele, que imediatamente nos ofereceu um café, já preparando a cafeteira.
Até aquele momento tudo parecia tranquilo.
A Jerusa me orientou a caminhar pela casa, enquanto esperávamos pelo café, e assim fiz.
Em determinados pontos da casa, eu percebia que a energia mudava, mas não estava vendo nada do mundo paralelo, apenas sensações.
Já estávamos tomando o café quando a namorada dele chegou.
E foi ai que as coisas se complicaram.
As portas dos armários da cozinha batiam num abre e fecha assustador, as xícaras que estavam arrumadas sobre seus pires, tremiam fazendo um barulho descontrolado.
Foi então que vi a figura de uma mulher com um lenço estampado na cabeça, sobrepor a imagem dos armários.
Era como se ela estivesse integrada com a madeira e tudo mais que havia ali.
Apesar de ser uma imagem imaterial, ela se movia de um lado para outro com gestos firmes, como se estivesse esbravejando.
Orientada pela Jerusa, acendi uma vela branca sobre o balcão da pia e fiz uma oração, enquanto sentia meu cabelo ser puxado para traz.
A Aline se encostou na parede repetindo o pai nosso sem parar, o Betão ia fazendo o que eu indicava. Foi então percebi, que não poderia contar com a Aline naquele momento, ela estava muito assustada.
Sempre seguindo a orientação da Jerusa, fui caminhando atrás da figura da mulher e chamando por ela, ao mesmo tempo em que abria os braços tentando acolhê-la.
Não sei quanto tempo ficamos naquela situação, mas repentinamente senti que meu corpo foi tomado e cai num choro descontrolado.
O choro foi diminuindo e tudo foi se acalmando, até voltar a um ponto que fosse considerado normal.
Eu e o Betão estávamos suados, era como se estivéssemos saindo de uma luta corpo a corpo.
A Aline e o casal estavam muito assustados, e como eu precisava explicar alguma coisa a eles, precisava parar para entender.
Sentei-me, tomei um copo de água e comecei a falar ao mesmo tempo em que ouvia as informações que me eram passadas.
As vezes, quando uma pessoa é muito apegada as coisas dela, quando faz a passagem não se encaminha, fica cuidando daquilo que deixou, inclusive das coisas materiais.
E esse era o caso em questão. O apego a casa, aos móveis, louças, era tão grande, que a mulher (dona da casa) não foi embora, ficou ali, cuidando. E quando percebeu que surgiu uma outra mulher para tomar seu lugar, ficou furiosa, direcionando suas frustrações sobre ela, já que a namorada passou a ser uma ameaça.
Conclusão, a mulher morrera mas continuava habitando a casa, e seu apego não era em relação ao marido, mas sim a seus objetos materiais.
Ao trazê-la para meu campo de força, ela pode ser acolhida pelos mentores espirituais que ali haviam se posicionado.
Apesar da maneira confusa como tudo aconteceu, novamente eu tive a oportunidade de mais um aprendizado.
Com este acontecimento, consegui entender todos os outros que vivera na infância, inclusive os fenômenos da casa mal assombrada de Sertaneja, no Paraná…