Todos os dias depois do trabalho, eu passava na casa da Nenem para ver o André.
Isso a deixava muito feliz, porque o Filemar continuava viajando a trabalho, e era uma forma de nos mantermos atualizadas sobre a vida uma da outra, já que não tínhamos telefone.
A Nenem em breve teria o segundo bebê, o qual não sabíamos se seria menino ou menina.
Por esse motivo o enxoval seguia o mesmo formato de quando ela estava esperando o André, inclusive muitas roupinhas haviam ficado dele, já que a segunda gravidez havia sido tão próxima, que não dera tempo de doar.
Certo dia, vi uma placa anunciando um sobrado para alugar na mesma rua que eu morava, a um quarteirão da minha casa.
A partir dai, não descansei até convencer o Filemar a ir ver o sobrado, e em poucos dias eles o alugaram, para minha felicidade e da Nenem.
Na parte de trás do sobrado, um pouco mais abaixo, havia um quarto com cozinha, que a Nenem pensou em alugar, visto que tinha entrada lateral independente.
Antes que isso ocorresse, um casal amigo deles em situação financeira difícil, precisou de acolhida, e eles deixaram que ficassem morando ali, pelo tempo que precisassem, sem custo.
Muitas vezes, até o mercado a Nenem e o Filemar faziam para eles.
Eu meditava e agradecia a Deus, pelas pessoas maravilhosas que surgiam para fazer parte das nossas vidas, da nossa família, assim como o Amauri e o Filemar.
Enfim o segundo bebê nasceu, Daniel, lindo!
O André ficou na minha casa até o dia que a Nenem voltou do hospital, foi quando então o levei para espera-la chegar com o bebê.
Quando ela entrou em casa com o bebê no colo, eu corri para pega-lo e esquecemos do André.
Quando terminamos de acomodar todas as coisas, nos demos conta que o André havia sumido de dentro de casa, e que o portão estava aberto.
Eu e o Filemar saímos angustiados para procura-lo e o encontramos todo sujo de terra, pois havia caído de um barranco na esquina.
O levamos para casa enquanto ele chorava encolhido no colo do Filemar.
Seu choro era triste e magoado e entendi que era ciúme que ele estava sentindo.
A partir dai, todo dia quando passava para vê-los, eu perguntava se queria ir dormir na minha casa, dizia que eu gostava mais dele do que do bebê, coisas assim, e eu percebia que isso lhe fazia bem, a ponto de em alguns momentos ele tomar a defesa do bebê.
Na maioria das vezes, ele ia dormir comigo e isso nunca aborreceu o Amauri…