O Filemar havia alugado uma pequena casa em uma vila que ficava na Rua do Hipódromo, a dois quarteirões do meu trabalho.
Eu já não precisava acordar de madrugada, ia a pé ao trabalho e minha vida ficou confortável.
O Filemar viajava bastante, e eu e a Neném tínhamos quando ele não estava, a mesma vida de antes. Só quando ele chegava de viajem a rotina mudava.
Na Rua do Hipódromo surgiu uma escola com um método chamado madureza e com ela a minha chance de recuperar o tempo perdido.
Eu estava muito feliz, trabalhava perto de casa, recebia um ótimo salário, morava com minha irmã e um cunhado protetor e compreensivo, tinha um namorado que se tornava cada vez mais querido e ainda retomara meus estudos.
Nesta época uma jovem da minha idade começou a trabalhar na empresa e acabamos ficando amigas, mas isso não interferiu na minha amizade com a Sueli e a Dida, que continuava me tratando como filha. Eu já não almoçava na casa dela porque morava muito perto, e eu gostava de almoçar em casa com a Neném.
Antonia era o nome da nova amiga. Uma italiana que era muito mal tratada pelo pai, ele a espancava literalmente, a ponto dela ter o corpo marcado pela fivela do cinto dele.
Eu sentia pena dela e ficava solidária quando contava as coisas que fazia para se vingar dele,
por exemplo, ele a levava até a porta do colégio e quando ele ia embora ela pulava o muro da parte de trás e saia com os rapazes em seus carros.
Quando estava na hora de voltar para casa ela pulava o muro de volta e ia encontrar com o pai, saindo pelo portão da frente como se estivesse assistido todas as aulas.
Não sei porque, o pai dela quando me conheceu simpatizou comigo e para nossa surpresa propôs que ela fizesse aula de inglês comigo numa escola que havia na Celso Garcia e que se eu concordasse, ele pagaria metade das minhas mensalidades.
E assim, eu tinha ainda mais esta benção, estudar inglês…