O Sr. Angelo era pessimista e resistente as novidades, talvez pela criação tinha medo de vir a ter dificuldades financeiras e tudo mais que pudesse representar risco, isso o deixava muito apreensivo.
Sendo assim, não seria prudente falarmos com ele sobre a idéia da loja enquanto não tivéssemos certeza de cada detalhe.
Na terça feira da semana seguinte, o Amauri veio a nossa casa e falamos com bastante entusiasmo sobre os detalhas da possível sociedade. Ainda era cedo, mas o Amauri perguntou as horas e disse que teria que ir embora.
Questionei o fato de ele ter que ir, quis saber qual era o tal compromisso e como ele não conseguiu explicar ficou nervoso, se alterou, e neste estado se levantou dirigindo-se a porta para realmente ir embora.
O mal estar que surgira não combinava com o entusiasmo anterior, não havia razão para aquela situação.
Quando pedi a ele que não fosse embora daquela maneira, que deveríamos conversar para entendermos o que ocorrera, ele ficou ainda mais agitado e insistindo que iria embora.
Me posicionei entre ele e a porta e disse:
– Acho melhor você pensar antes de sair por esta porta. Se sair não volta mais. Se não conseguirmos resolver esta situação idiota conversando, não vamos conseguir resolver problemas realmente grandes que possivelmente teremos ao longo da vida.
Naquele momento me vi repetindo quase com as mesmas palavras, a conversa que tivera com o Laércio quando terminamos o namoro.
Ele argumentou que estava nervoso e achava melhor conversarmos no dia seguinte. Eu argumentei dizendo que na minha opinião deveríamos conversar a noite toda se fosse necessário, mas deveríamos resolver essa questão, porque o que não conseguíssemos resolver naquele instante, no dia seguinte também não seria resolvido.
Afastei-me dando passagem a ele e reafirmei :
– Pensa melhor, se sair agora não quero que volte.
Ele passou a mão pelo cabelo num gesto de aborrecimento e sentou-se no sofá. Explicou que combinara sair com o Tinho e estava no horário marcado, que não iria me contar para não me chatear.
Naquela época não havia como ele se comunicar com o Tinho para avisar que não iria, mas mesmo assim se acalmou e ficamos conversando por um longo tempo, até que estivéssemos bem.
Quando ele foi embora não me preocupei se ele ainda iria sair com o Tinho ou o que iriam fazer. Para mim o importante, era ele entender o quanto estava errado provocando uma briga na tentativa de justificar o desejo de ir embora.