A mamãe voltou para Marília.
Depois de algum tempo, soubemos por carta que o Nino encontrara o papai.
Ele estava doente, tinha cinco filhos com a Cida, havia perdido todo o dinheiro aplicando em terras sem documentação.
Morava numa fazenda, em um rancho de pau a pique, com fendas pelas quais se via os lobos rodeando a noite.
A mamãe ao saber disso pediu ao Nino que fosse busca-lo, que o trouxesse junto com a Cida e as crianças.
Quando contei sobre o reencontro ao Amauri, disse que iria a cidade de Marília juntamente com a Neném, pois queríamos ver o papai e saber se de alguma forma poderíamos ajudar.
Ele imediatamente se prontificou a ir conosco de carro, seria mais confortável. Eu e a Neném ficamos muito agradecidas e no final de semana seguinte viajamos.
O Amauri não quis ir ver o papai, e eu entendi que estava respeitando nosso momento, afinal não o víamos a muito tempo.
Quando olhei para o papai tive dificuldade de conter o choro, o meu Durango Kid tinha se transformado. Estava muito magro, e daquela maneira deitado na cama, a voz quase não saiu quando me reconheceu, Zinha disse, e eu o abracei com medo de machuca-lo.
A Neném saiu aos prantos para o terreiro da pequena casa onde o Nino alojara a família. O Nino a seguiu e depois de conforta-la consegui traze-la de volta, e ela já mais calma pode entrar e abraçar o papai.
Meu herói estava vencido. E a Cida, como devia ser difícil para ela ter que aceitar a ajuda da mamãe, deve ter vencido o próprio orgulho, pensei.
Conversamos longamente na pequena sala para deixar o papai descansar, de vez em quando íamos até o quarto nos revezando, para ver se estava tudo bem.
O Nino havia levado ele ao médico e estava acompanhando a medicação, ele haveria de se recuperar.
Voltamos a São Paulo silenciosos. A imagem do papai não saia da minha mente, e a realidade do que a mamãe fizera, era ainda impactante para mim.
Eu era muito jovem e impetuosa para compreender aquela forma de amor que ela demonstrava em cada atitude, cada gesto e em cada vez que perguntava como ele estava.
Ela sempre demonstrara amor por ele, mas a maneira que a realidade se apresentava, era inexplicável.