Voltei para a cidade de Marília e a tristeza veio comigo.
O trabalho me distraia, mas não era suficiente, sentia falta de um lugar para praticar minha fé.
Assim, comecei a freqüentar a igreja Batista e a Nenem me acompanhou, eu tinha esperança que encontraria meu lugar de fé.
O Laércio ainda era vivo demais em meu coração, e eu rezava fervorosamente para que Deus me ajudasse a esquecê-lo.
Estar junto da mamãe e dos meus irmãos era reconfortante.
Aos sábados eu e a Neném íamos a matinê vestidas com nossos melhores vestidos, sempre feitos pela Florisa. Eu tinha um vermelho de bolas brancas que era meu preferido, e era comum o Nino e o Polaco brincarem apostando que era ele que eu vestiria.
Também era comum eu e a Neném despistarmos as mossas amigas para que pudéssemos ir a matinê sózinhas e não ter ninguém para atrapalhar nossas conversas.
Conversávamos muito, sempre tínhamos assunto e neste dia um destes assuntos era a última pregação do pastor. Ele dizia que os santos eram criação do demônio e que não deveríamos ter imagens, terços ou qualquer objeto de adoração.
Quando voltei a morar em Marília, contei a Neném sobre as experiências que eu vivia entre o mundo dos vivos e dos mortos, por isso eu não tive problemas em dizer a ela que era comum o pastor ter espíritos junto dele na hora da pregação, assim como o padre quando fazia o sermão.
Depois de conversarmos bastante a respeito, a Neném concluiu que eu deveria falar pessoalmente com o pastor sobre as coisas que eu tinha guardado, e que eram preciosas para mim, como o terço, o véu, o livro de orações etc.. Ela disse que iria junto comigo.
Na quarta-feira depois do culto, pedi para falar com o pastor e contei a ele das minhas preocupações com aqueles objetos, e a importância que tinham para mim.
Com autoridade e gritando, de maneira que várias pessoas que estavam ainda no lugar se viraram voltando a atenção para o que ocorria, ele disse que ou eu jogava tudo no lixo ou saia da igreja batista.
Me vi novamente colocada na condição de ter que escolher, mas não tive dúvidas que aquele de fato não era meu lugar. E com a Neném me consolando e dizendo que iríamos procurar outra igreja, sai da igreja Batista…