Enquanto dirigia, eu olhava aquela paisagem a qual eu nunca vira, mas ao mesmo tempo me parecia tão familiar.
Eu ia explicando a Madalena como se eu fosse um guia, e ao mesmo tempo surpresa por saber tanto a respeito daquele modo de vida.
As casinhas de tijolos de adobe e seus pequenos quintais com cabras, peles estendidas ao sol em girais, as montanhas…
Entramos e saímos de Feira de Santana e não paramos nem mesmo para conhecer a cidade, apenas seguimos nosso caminho.
Eu não parava de me emocionar, e entendia que a emoção era uma soma da minha com a da Jerusa.
Eu disse a Madalena: – estamos nos aproximando de duas montanhas juntas, que são chamadas de peito de moça.
E de fato elas se parecem mesmo com um colo feminino. Ela abriu a boca surpresa ao ver mais a frente as duas montanhas, exatamente como eu descrevera.
Contei que passaríamos por outra montanha chamada de profeta, porque dependendo do ângulo, ela tinha a forma de um homem de cabelos compridos e um cajado na mão.
E surpreendentemente tudo que eu descrevia, ficava visível um pouco mais a frente.
Nessa estrada, vivenciei uma mistura de sentimentos e sensações que são indescritíveis.
Chorei, ri, fiquei ansiosa… deixei a Madalena em estado de gratidão por estar participando daquela grande magia.
Paramos em algumas placas para que ela pudesse fotografar (não sei se são fotos minhas ou da Jerusa), mas fomos registrando o que estava acontecendo em nosso caminho.
Pensava que seria difícil alguém acreditar no que estávamos vivendo, visto que estava sendo difícil até para nós mesmas acreditarmos.
E foi assim, nesta mistura de emoções que chegamos por fim a entrada da cidade de Juazeiro da Bahia.