Quando chegamos em Londrina era noite, novamente sugeri encontrarmos um lugar para dormir e seguirmos ao amanhecer.
O Amauri estava disposto e não parecia cansado, por isso não me incomodei quando ele disse que preferia continuar.
Seguimos ainda com chuva, mas por estrada asfaltada até mais ou menos duas horas a frente.
O cansaço já estava aparecendo no rosto do Amauri e eu, já não tinha mais posição confortável no banco. Minhas costas estavam dando sinal que haviamos exagerado.
Repentinamente, no meio da escuridão da estrada, vimos a luz de varias lanternas.
Aproximamos um pouco mais e os faróis do carro revelou vários homens cobertos de lama vermelha, caminhando em direção contraria a nossa.
O Amauri parou para perguntar o que ocorrera e nos disseram que um pouco mais a frente vários carros estavam atolados e só alguns conseguiam passar.
Estavam ali com a incumbencia de esperar um trator que viria reboca-los.
Apesar do conselho para voltarmos, o Amauri disse que se alguns conseguiam, quem sabe não sou mais um? Vamos seguir.
Rodamos mais ou menos quinhentos metros quando o asfalto terminou e a estrada parecia feita de sabão.
Deslizamos em várias direções e numa descida, o Amauri tentou frear fazendo com que o carro rodasse várias vezes, até cair em uma vala na lateral da estrada.
Descemos para entender o que ocorrera.
O Amauri não tinha lanterna ( rapaz da cidade) e a chuva, caía forte em meio a escuridão.
Escorregando no barro ele soltou um palavrão e caiu na risada.
Eu não entendia se aquela risada era de nervoso, até que ele ainda rindo disse:
= Agora vou aprender dirigir no barro, isso é que é aventura.
Pediu que eu entrasse no carro que ele iria ver o que fazer.
Toda molhada me acomodei enquanto ele desaparecia na escuridão, seguindo supostamente na direção em que estavam os homens das lanternas. Digo supostamente porque o carro havia girado tanto, que havíamos perdido o sentido da direção que seguíamos.
A chuva não parava e eu via tantas figuras me olhando através dos vidros do carro, que seria impossível sequer cochilar.
Pensei em descer e procurar o Amauri, quando vi uma lanterna e aguardei para me certificar se era alguém vivo.
Era o Amauri juntamente com um dos homens das lanternas.
Olharam o carro iluminando com a lanterna e concluiram que eramos mais um precisando do trator para resgatar.
O homem voltou para seu posto, enquanto eu e o Amauri procuramos nos aquecer e acomodar dentro do carro, não restava mais nada a fazer.
Quando amanheceu, pudemos ver um mar de carros atolados, alguns tinham sido abandonados.
O trator foi tirando os carros um a um e levando a dois quilometro adiante, onde o asfalto recomeçava.
Fomos um dos últimos e enquanto conversávamos com as pessoas, procuramos pelos homens das lanternas, só ninguém os vira ou sabia da existência deles.
O pedido de socorro fora feito, por um dos carros que conseguira passar.
Enfim eu e o Amauri não falamos sobre o assunto, ele parecia não ter sequer registrado o fato dos homens não existirem, falava do ocorrido com animação, mas não mencionava os homens que nos aconselharam a não seguir em frente…