Quanto mais eu me vestia de homem mais a vontade me sentia.
Na empresa muitas pessoas sabiam, até porque me viam chegar, e aqueles que não viam, a Dona Margarida se ocupava em contar.
Na empresa muitas pessoas sabiam, até porque me viam chegar, e aqueles que não viam, a Dona Margarida se ocupava em contar.
Eu não me importava, e algumas vezes cheguei a ir a padaria do Avelino tomar café, vestido de homem antes do trabalho.
Certa manhã, estava ainda vestida de homem, quando encontrei o Sr. Gordon dono da empresa em que eu trabalhava.
Ele era conhecido pelo jeito bruto de falar com os funcionários, e eu agradecia a Deus por ele nunca ter dirigido a palavra a mim, mas naquele dia não deu para fugir.
Ele com seu sotaque carregado, perguntou apontando para a calça que eu vestia:
– Senhorrita, de quem ser esta calça?
Eu respondi:
– Minha!
– Nom! Esta calça ser nossa.
– Não, é minha eu comprei!
– Nom senhorrita! É do empresa.
O Sr. Estéfano estava chegando e começou a falar em francês com o Sr. Gordon, e assim conseguiu me explicar o que estava ocorrendo.
O Sr. Gordon, nunca havia visto uma calça fabricada pela empresa dele vestida em uma mulher, e queria saber alguns detalhes como: se precisei apertar ou alargar, qual o no. que me servia, se era confortável, etc…
Fiquei aliviada, pois já estava achando que ele estava pensando que eu roubara a calça.
Alguns dias depois, fui chamada na sala dele, onde estava acontecendo a reunião mensal com os vendedores.
Como eu já havia dito a ele (através do Sr.Stefano) os nos que me vestiam bem, ele pediu que trouxessem as calças, e que eu as vestisse para mostrar a todos os vendedores.
E foi o que fiz em seguida, a cada calça que eu vestia, ele fazia comentários, os quais muitos eu não entendia, mas entendia os sinais para me virar e mostrar a parte de traz da por exemplo.
Como eles haviam conseguido autorização da diretoria para solicitar a minha colaboração, este acontecimento se tornou um hábito, inclusive quando vinha compradores do interior e os vendedores queriam mostrar como os modelos vestiam bem.
Foi quando surgiu um homem chamado Comendador Devissatt (eu nunca entendi a função dele dentro da Star up), ele sugeriu que os vendedores que faziam visita as grandes lojas, como Mappim por exemplo, me levassem junto, assim eu poderia vestir as calças.
A idéia foi testada, e o resultado foi um grande sucesso.
A idéia foi testada, e o resultado foi um grande sucesso.
Assim, passei a ser extremamente disputada, a ponto de cada vendedor ter uma grade de modelos na minha medida, e eu, agenda.
Com isso, me tornei pioneira como manequim da Star Up, e sem saber o que isso significava.
Estava feliz, trabalhava muito, mas em compensação havia a recompensa financeira, que para os nossos padrões, era gigante…