Havíamos chegado a Santa Casa ainda de madrugada, o dia já estava clareando a algum tempo e eu permanecia na fila.
Quando chegou minha vez, disseram que a mamãe tinha que estar junto e fui busca-la onde a acomodara.
Enquanto com dificuldade ela tentava caminhar, o rapaz que esperava para continuar o atendimento deu um grito:
– Não posso esperar o dia todo, se vai demorar passo outro na frente.
Senti o sangue se espalhar pelo meu rosto. Olhei para a mamãe e continuei me controlando.
Depois que a mamãe respondeu algumas perguntas, sobre o histórico de doenças que tivera ao longo da vida, ouvimos o seguinte:
– Vocês devem subir até o quinto andar e passar pela triagem, depois serão encaminhadas para a consulta.
Senti o peso do braço da mamãe no meu e a peguei pela cintura procurando apoia-la melhor.
Ouvi alguém perguntando as horas e uma voz respondeu 9:30h. Senti as lagrimas correrem pelo meu rosto sem conseguir controlar.
Com o coração em pedaços e sem saber o que fazer, coloquei a mamãe sentada num lugarzinho que ficara vago e pedindo desculpas a ela fui até o banheiro chorar, não sabia o que fazer, sentia que ela não seria atendida.
Eu também estava muito cansada e me encostei na parede chorando.
Repentinamente, vi que havia um pequeno papel grudado no meu sapato e abaixei para tira-lo e jogar no lixo
Percebi que era um cartão, todo amassado e sujo, mas dava para ler. Era de um médico, Dr. Luiz kulay, endereço do consultório, Av. Celso Garcia.
Sem pensar duas vezes, me lembrei de todos os sinais ao longo da minha vida e decidi levar a mamãe embora daquele lugar.
Enxuguei as lágrimas e fui até onde ela estava.
Com cuidado fui levando-a até o elevador e surpreendentemente, um senhor negro como a noite, sem dizer nada, pegou-a em seus braços fortes e continuou até o ponto de taxi. Depois de acomoda-la, deu um sorriso em minha direção o e virou-se caminhando para o prédio de onde saímos…
CHOREI JUNTO , JA PASSEI POR ISTO TAMEBM !!