Durante a viajem até a cidade de Marília, por diversas vezes fui tomada por um sono quase incontrolável.
Eu agradecia por ter o Amauri dirigindo, naquela condição, eu não poderia estar no volante.
Como não dormira a noite, estava entendo que esse era o motivo de tamanho sono, pois nunca vivera algo parecido .
Quando estávamos próximo a cidade de Queluz, meus olhos se fecharam, e senti o rosto da Neném muito próximo ao meu.
Abri os olhos num sobressalto acreditando que havia adormecido.
Pedi ao Amauri que parasse no próximo posto, para que eu pudesse lavar o rosto, trocar a fralda da Carolina, enfim, me recompor. O que foi prontamente atendido por ele.
Tudo resolvido, tomamos um café e seguimos nossa viagem.
O sono teimava em voltar e comecei a achar que não era normal.
Alguma coisa chamou minha atenção e olhei pela janela em direção ao acostamento.
A Neném estava lá, em pé, com o sol forte batendo no rosto.
Ela usava um vestido branco de seda esvoaçante, com uma mandala na altura do plexo.
Era a Neném, não havia dúvida, aquele vestido havia sido um presente meu.
Não consigo descrever os sentimentos que tomaram conta do meu ser.
Não conseguia conceber que havia sido real, porque se eu vira de fato minha irmã, era sinal de que algo trágico ocorrera.
Lágrimas correram pelo meu rosto e eu repetia mentalmente, foi um sonho, adormeci e sonhei com ela, ali no acostamento olhando para a pista em direção a São Paulo….