No trabalho espiritual da semana seguinte, aconteceu o que era chamado de gira dos pretos velhos.
Trabalho dedicado aos pretos velhos na linha da Umbanda.
Conforme as manifestações iam acontecendo, as pessoas iam curvando o corpo e procurando um lugar para se sentar.
Achei que comigo não aconteceria e fiquei por ali ajudando como secretaria. Em determinado momento, meu corpo foi ficando pesado e reconheci que era uma energia diferente das outras vezes, mas fui me entregando e permitindo a manifestação.
Alguém trouxe uma cadeira e entendi que deveria me sentar.
A Florisa sentou-se ao meu lado e uma conversa interessante teve inicio. Como era de costume, a Florisa perguntou quem era ela.
Para mim foi muito difícil permitir que as palavras saíssem da minha boca, parecia que o pensamento e a ação estavam fora de sincronia. A expressão das palavras eram diferentes do meu vocabulário, parecia que eu estava ouvindo alguém e tentando entender, para depois traduzir e expressar em palavras.
Interessante é que quando eu tentava silenciar minha mente para não atrapalhar a conexão, o silêncio se instalava, como se precisasse da minha mente e da minha inteligência ativa.
Foi uma conversa longa e difícil.
Aquela entidade disse que não era parte das minhas encarnações, mas que vivera muito próxima da minha mãe.
Que quando o meu avô era vivo, ainda tinha alguns escravos, que mesmo libertos ficaram na casa. Ela era um deles.
Disse que seu nome era Joana e que era chamada de vó Joaninha.
Eu tinha dificuldade com as palavras como relatei a pouco, o vocabulário era muito diferente e eu ali, como tradutora de alguém que estava em mim.
Sei que será difícil entender, mais ainda acreditar, mas vou a medida do possível mostrar o caminho e a lógica que encontrei para não me internar sozinha, num hospital psiquiátrico.
Quando voltei a minha duvidosa lucidez, olhei em volta e vi manifestado nas pessoas personalidades brancas, jovens e até mesmo um chinês, todos agindo como se fossem velhinhos.
Como haviam me dito que aquela noite seria de trabalho de preto velho, e que os pretos velhos eram escravos negros, fiquei querendo entender.
Logicamente procurei orientação com minha fonte, Jerusa.
Ela me deu uma longa explicação, a qual transformei em um programa de curso para médium, que foi apresentado e rejeitado pela dirigente porque ia contra a doutrina.
Este programa vai ser postado aqui nos próximos capítulos, por ser a minha verdade. E como disse no início do blog, estou aqui compartilhando a minha vida através dos meus olhos, e algo tão importante vivido por mim não poderia deixar de ser relatado.
Enfim naquela noite voltei para casa ao lado da Florisa revendo aquela conversa e mais uma vez surpresa com tudo aquilo.
Disse a ela que havia ficado cansada física e mentalmente, o que não ocorrerá nas outras experiências.
No dia seguinte, em casa, contei para a minha mãe e ela ficou muito assustada.
Não acreditava que isso fosse possível, mas que o que eu estava dizendo de fato ela vivera ainda muito pequena, quando morava em Minas Gerais.
Esta negra era jovem quando o pai da minha mãe ficou viúvo. Ele ara muito bravo com os filhos que apanhavam por qualquer motivo, e que por algumas vezes está mulher Joaninha, abraçou minha mãe para protegê-la do chicote do meu avô e apanhou junto.
Como minha avó havia morrido, era a Joaninha quem cuidava da casa, da minha mãe e de seus irmãos.
Quando meu avô casou-se novamente, mandou que ela fosse embora.
Com o relato de minha mãe, eu e Florisa ficamos ainda mais perplexas.
Para não perder este momento, vou explicar como se desenrolou esse fato.
Minha mãe apesar de estar sentindo um medo confesso “dessas coisas”, pediu para ver essa manifestação, eu disse que não sabia se conseguiria, mas iria tentar.
Com a mamãe e a Florisa ao meu lado, pedi permissão ao plano espiritual, e para a Jerusa que me ajudasse, depois me entreguei.
Perdi um pouco a noção do tempo e da ação que se seguiu, mas me vi abraçada com minha mãe em um choro de gratidão e reconhecimento das duas.
A partir desse acontecimento, minha mãe passou a abençoar minha participação nos trabalhos espirituais…
Que lindo e emocionante! Obrigada por compartilhar conosco, mãe amada!
Nossa , que demais. Amo ler as histórias da sua vida Mãe.