Entreguei o exame fechado na mão do médico.
Ele abriu, olhou, olhou, depois colocou num painel e começou a explicar, interrompeu por um instante e me perguntou se eu estava sozinha. Respondi que sim e que fosse o que fosse ele poderia me dizer, não queria sair dali sem saber.
Então ele continuou explicando coisas técnicas as quais eu não entendia, mas procurava perguntar e me esclarecer.
Para resumir, ele disse que eu estava com mieloma múltiplo, um câncer na medula muito agressivo o qual já havia se espalhado pelo corpo.
Perguntei sobre tratamento e ele fez um gesto de talvez. Perguntei sobre tempo de vida e ele disse três meses e quase que imediatamente era visível que se arrependeu, completou então, melhor pensar em qualidade de vida.
Perguntei ainda se teria condições, de alguma maneira, ele cuidar do meu caso.
Ainda meio sem jeito ele disse que ficaria muito caro visto que não atendia meu plano.
Me aconselhou procurar um oncologista do plano.
Sai daquele consultório e do hospital com uma certeza, tinha ainda tanta coisa para fazer na vida, que em três meses não seria possível e que iria fazer o que precisasse para que eu conseguisse me manter viva e lúcida, para realizar se não tudo, pelo menos a maioria do que estava determinado por Deus.
Me entregaria aos médicos e a Deus…